domingo, 3 de abril de 2011

Saúde Pública ... Vergonha persistente

Um novo surto de dengue se espalha em várias cidades brasileiras, os casos se avolumam e os hospitais estão pessimamente preparados para essa epidemia. O mosquito aedes aegypti se propaga em ambientes quentes e úmidos e, especialmente, a aglomeração de pessoas. Essa química é potencializada pelo descaso do governo pelo saneamento básico e do terrível hábito da população em deixar as cidades como lixões.
A questão da dengue aponta para um fato muito mais profundo que a própria doença. Essa doença sazonal faz parte de muitas que assolam o povo brasileiro. A saúde pública atrelada a educação são fatores longe de ser resolvidos pelas autoridades públicas. Neste texto discutiremos a importância da saúde pública e problemas que estão presentes, ainda, em nossa sociedade.
Também apresentaremos a questão do saneamento básico que é um dos itens primordiais para a infraestrutura de um país, o Brasil está muito longe de universalizar esse recurso tão importante.
A Saúde Pública é o principal mecanismo para proteger a população das doenças que podem prejudicar o desenvolvimento social, e a longevidade de uma nação. É notória a diferença do nível de saúde dos países desenvolvidos, comparado com as precárias condições das nações subdesenvolvidas.
As condições de saúde de uma população podem ser captadas através do IDH (Educação, Longevidade e Renda), este índice traça um quadro sombrio para a maior parte da população mundial. O Brasil em 2007 entrou no grupo de países com alto índice, acima de 0,8, porém, essa nova classificação não pode esconder as terríveis condições do sistema de saúde nacional. Os brasileiros ainda estão expostos a doenças que, em outras nações, já foram erradicadas, entre elas; a tuberculose, malária, pneumonia, cólera, febre amarela, dengue, leptospirose, entre outras.
Um dos principais aliados da saúde pública é a Educação, o Brasil já possui em seu ensino fundamental, mais de 96% das crianças entre 7 a 14 anos, além de reduzir o analfabetismo para 10% do total da população. Esses números são importantes, entretanto, ainda falta o aprimoramento da qualidade para a melhora do sistema educacional, e fazer com que a educação seja um importante aliado para as políticas de saúde pública.
Com a educação estendida para toda a população, as ações públicas se tornam mais eficazes, e duradouras.
A saúde pública foi definida por Moacyr Scliar como: “esforço organizado da comunidade, por intermédio do governo ou de instituições, para promover, proteger e recuperar a saúde das pessoas e da população, por meio de ações individuais e coletivas, estas podendo ser; o saneamento básico, a prestação de serviços e a vacinação”.
Nesta aula serão apresentadas questões da saúde pública que atualmente chamam atenção da sociedade. O saneamento básico é um dos itens primordiais para a infraestrutura de um país, o Brasil está, ainda, muito longe de universalizar esse recurso tão importante.

O Básico do básico. O saneamento básico engloba; a distribuição de água tratada, o esgoto e a coleta de lixo. No Brasil 90% dos lares possui água tratada, porém, o esgoto é o ponto crítico nacional, pois apenas 53% das casas possuem coleta dos resíduos, e somente 20% deste esgoto é tratado. Todos esses serviços são importantíssimos para prevenir doenças, e diminuir gastos no sistema público de saúde.
            Dados conservadores apontam que a cada R$ 1 gasto em métodos preventivos (saneamento e educação), se economiza por volta de R$ 7 em remédios e terapias convencionais. Economistas salientam que o saneamento universal é responsável pelo desenvolvimento de uma mão-de-obra saudável, possibilitando diminuir os gastos públicos em tratamentos onerosos.
            As regiões mais carentes de saneamento, Nordeste Norte, são as que possuem as maiores taxas de mortalidade infantil, e de doenças promovidas por agentes infecto-contagiosos (diarréia, cólera, hepatite, esquistossomose e dengue)     
O governo Lula, a partir de 2007, instituiu o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, neste programa o saneamento deverá receber R$ 40 bilhões até o final de 2010. Porém, o discurso é uma coisa, e a realidade é outra.
O saneamento é um dos instrumentos mais eficazes para a justiça social, pois com um ambiente salutar a população possui condições adequadas para o desenvolvimento socioeconômico, além, de reduzir os gastos com a saúde familiar e pessoal.

O mosquito do subdesenvolvimento.  Mistura de descaso do governo e da péssima educação da população faz do território brasileiro um criadouro de mosquitos aedes aegypti, este pequeno inseto é o vetor do vírus responsável pela dengue.
            No ano passado a dengue se manifestou em 250 mil pessoas, neste ano a doença já atacou 155 mil pessoas com 52 mortes. O número de mortos parece estar distante das vidas perdidas em estradas e na violência urbana, mas seriam desastrosos para um país sério e educado.
            A primeira epidemia de dengue identificada no país foi em Salvador -BA em 1872, a epidemia ceifou a vida de 2 mil pessoas. Em 1967 as autoridades públicas consideraram que o mosquito estava erradicado do território brasileiro, mas na década de 80 a doença retornou em várias regiões do país. O recorde de casos ocorreu em 1998 com 505 mil casos em todo o país, mas o ano que mais matou após anos os anos 80 foi em 2007 com 158 vítimas fatais.
            Há 4 tipos dengue, todas possuem as mesmas manifestações e formas de tratamento, a forma mais perigosa é quando a vítima é acometida pela segunda vez ou quando um dos tipos virais é novo na região de proliferação, nestes casos as pessoas não possuem anticorpos para detê-los.
            Os estados que mais preocupam a vigilância sanitária são o AC, AM, PR e o Rio de Janeiro. No RJ, somente esse ano, já estão anotados 15 mil casos e 8 mortos, em relação ao ano passado foram 3317 casos. O Amazonas já contabiliza 20 mil casos com 10 mortos. O estado de São Paulo teve uma regressão dos casos relacionados ao ano passado, em 2010 foram 46 mil casos, neste ano 3400 pessoas manifestaram a doença.
            O mosquito se desenvolve em água parada em ambientes quentes, para se notar a rapidez da procriação uma tampinha de refrigerante pode ser um eficaz criadouro. Lixões comandados pelas entidades públicas são fortes propagadores dos mosquitos, mas a população possui uma enorme responsabilidade, pois ainda se verifica o péssimo hábito de jogar lixo em qualquer área vazia ou manter dentro de casa objetos que são potenciais criadouros. A eliminação de pneus, vasilhames, pires e pratos sob vasos e de extrema urgência.                 


Se beber não dirija. Várias questões na saúde pública são arbitradas diretamente pela legislação nacional. O aborto, a legalidade ou ilegalidade das drogas e a propaganda de bebidas alcoólicas, estão sempre no centro das discussões. A lei seca, instituída no mês de julho de 2008, trouxe um forte impacto para o dia-a-dia das pessoas, e também influenciou o setor de bebidas.
            O poder público é o responsável por zelar pelo bem-estar de seus cidadãos, as leis restritivas são impostas para minimizar possíveis problemas, e abusos cometidos por pessoas irresponsáveis, que podem colocar em perigo a vida dos demais. Deste modo o Estado se responsabiliza por colocar parâmetros, para criar um ambiente mais salutar, e também reduzir os gastos com os problemas evitados.
            A violência no trânsito é responsável pela morte de mais de 30 mil brasileiros ao ano. O aumento da venda de automóveis e as estradas em péssima situação são fatores que induzem esse trágico número, porém, a imprudência dos motoristas aliada a embriaguez são apontadas como o principal fator dos acidentes.  
            A Lei Seca foi introduzida para minorar a catastrófica situação brasileira, ela se pauta na elevação das multas para o motorista embriagado (R$ 960), e no endurecimento das leis, com o objetivo de conter os acidentes.
            O tempo para se avaliar os resultados da nova legislação é pequeno, mas os aspectos positivos são impressionantes. Comparando o ano de 2008 com 2007, o governo deixou de gastar R$ 50 milhões no atendimento as possíveis vítimas. Cada morte nas estradas representa um gasto de R$ 470 mil para o erário público, um acidente sem vítima fatal pode despender até R$ 80 mil do orçamento governamental.
            Os atendimentos nos hospitais estaduais de São Paulo foram reduzidos pela metade, desde que a lei começou a vigorar.

Fumaça da morte. O tabagismo em âmbito mundial já é tratado como um grande inimigo da saúde pública. Desde 2000, leis restritivas para a publicidade do cigarro estão presentes na maioria dos países. A elevação de impostos para o tabaco e seus derivados é uma medida cada vez mais utilizada para inibir o consumo.
            O governo dos EUA gasta quase US$ 70 bilhões no tratamento de doenças relacionadas ao fumo, enquanto recebe da poderosa indústria tabagista cerca de US$ 46 bilhões em impostos.
            Os fumantes no mundo chegam a 1,3 bilhão de pessoas, sendo que apenas 5 milhões de pessoas vencem o vício ao ano. As mortes causadas pelo fumo podem chegar a 10 milhões em 2030, sendo que 70%  das vítimas estarão no mundo em desenvolvimento.
             No Brasil o tabagismo é preocupante, pois se acredita que 17% da população é usuária do cigarro. Essa porcentagem tende a reduzir, pois nos últimos anos ocorreu um decréscimo de fumantes, só no Estado do Rio de Janeiro 19% da população é fumante, sendo que este número era de 30% em 1989.
            Ao inalar a fumaça do cigarro, mais de 4,7 mil substâncias venenosas entram no aparelho respiratório, estudos recentes indicam que mesmo os “fumantes passivos”, são afetados severamente pela fumaça dos fumantes ativos.
            A legislação brasileira, desde 2003, proíbe a propaganda de cigarro, o patrocínio de qualquer atividade social, e ainda aumentou a advertência na carteira de cigarros, atualmente é expressamente proibido o uso em escolas e centro educativos.  Mas o preço do cigarro no Brasil é um dos mais baratos no mundo, sendo que um maço em Londres pode custar £ 7, devido aos altos impostos cobrados sobre a cadeia produtiva.
            O governador de São Paulo no ano de 2008 enviou para a Assembléia Legislativa, a proposta de proibir o fumo em ambientes coletivos fechados, até mesmo em fumódromos. A lei foi aprovada por unanimidade, desde 2008 só permitido fumar ao ar livre e dentro de casa.
            O governo se apoiou em um estudo feito pela Secretaria de Saúde, que indicou um gasto de R$ 92 milhões para tratar das doenças relacionadas ao fumo (Câncer no pulmão, laringe e esôfago).
             Nos países desenvolvidos, leis restringem o fumo até mesmo em praças e nas ruas, a redução de fumantes foi significativa na maior parte dos países que instituíram as leis anti-fumo.
            O cigarro pode encadear muitos males para fumantes e não fumantes, tais como; Infarto, câncer, depressão, pressão alta, enfisema, bronquite, úlcera, gastrite, impotência e envelhecimento precoce da pele.                             

Saneamento Básico: é a atividade relacionada com o abastecimento de água potável, o manejo de água pluvial, a coleta e tratamento de esgoto, a limpeza urbana, o manejo do resíduos sólidos e o controle de pragas e qualquer tipo de agente patogênico, visando a saúde das comunidades. Trata-se de uma especialidade estudada nos cursos de Engenharia Sanitária, de Engenharia Ambiental e de Tecnologia em Saneamento Ambiental. (Fonte: wikipedia/brasil)
            No dia 19 de agosto o IBGE lançou o mais recente estudo sobre as condições do saneamento básico no Brasil, ano base do estudo foi 2008. Através dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar os técnicos do IBGE fizeram a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico conjuntamente com o Ministério das Cidades. Neste estudo verificou-se uma melhora nas condições do Saneamento Basico do país, entretanto a melhora foi pouco significativa quando se visualiza as necessidades emergentes do país.



            Os principais indicadores são:

·         44,8% dos municípios brasileiros não eram servidos com rede de esgoto em 2008, o sul era a região com maior número de municípios sem a rede de saneamento.
·          Em São Paulo a Rede de esgoto chega a 99,8% das cidades, no Piauí apenas 4,5%.
·         31% do esgoto do Brasil não passou por nenhum tipo de tratamento.
·         O saneamento chega a 52,2% das cidades, coleta de lixo 100%, luz 97% e água encanada 99,4% dos lares brasileiro.
·         34 milhões de pessoas (18% da população nacional) vivem em cidades que não havia nenhum tipo de coleta de esgoto (44% no Nordeste).
·         29% dos municípios possuem tratamento de esgoto (São Paulo 78%).
·         50% das cidades despejam resíduos sólidos em vazadouros a céu aberto – famoso lixão, 27,7% dos municípios da Brasil dão destino correto ao lixo.

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Um comentário:

  1. Eli,texto ótimo...percebi mais uma vez q o q falta ao Brasil é oq vc disse na aula:infraestrutura!
    Ah e fiquei espantada com os dados de saneamento no Piauí, esse é o nosso Brasil.

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