domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mudanças em um mundo que não mudava II Líbia

              Após a queda de Hosni Mubarak, ex ditador do Egito desde 1981, na última semana, a onda de mudanças não para. O cerco, desta vez, fechou para o ditador líbio Muamar Kadafi que está no controle do país desde 1969. Ainda na semana passada manifestações se intensificaram no Iêmen, Omã, Bahrein e Argélia, além da abertura de negociações e medidas compensatórias no Marrocos e na Arábia Saudita, com a intenção das casas reais amenizarem as insatisfações populares.
            Todas essas manifestações e revoltas têm motivos em comum, pois os manifestantes vivem problemas com a falta de liberdades socioeconômicas, corrupção, governos ditatoriais e são rondados pelo desemprego. Entretanto no movimento líbio a vontade de participação e liberdade sociais são os, principais, combustíveis para ira contra o opressor Kadafi. O país está na 53º posição do IDH, o mais alto do continente africano, Kadafi universalizou a educação e a saúde pública, também aplicou recursos na infraestrutura do país.   
O mesmo se repete no Bahrein que nos últimos anos passou por grande modernização econômica e social, esta monarquia está localizada no Golfo Pérsico com 750 mil habitantes e é exportadora de petróleo. Nesse país a elite sunita governa a maioria xiita, sendo que os revoltosos denunciam uma péssima distribuição dos dividendos do petróleo, assim beneficiando a minoria comandante sunita.
            Os confrontos verificados, nos últimos dias, na Líbia provaram que a população árabe não está sendo mobilizada apenas pelas carências e necessidades básicas. O movimento tomou corpo na contestação e legitimidade dos ditadores que há anos comandam os países com a mistura da capa de grande pai da nação, protetor dos interesses de todos e provedor universal, mas suas entranhas são formadas pela censura, violência e liderança déspota.
            A Líbia possui 1,7 milhão de km2, conta com 2 mil km de litoral no mediterrâneo, onde está concentrada grande parte da população.  A parte centro sul do país é influenciada pelo clima árido do deserto do Saara. Os 6,4 milhões de habitantes são compostos por 97% de árabes líbios e 3 % de berberes e imigrantes, atraídos pelo complexo petrolífero.
            Por sua localização estratégica o território foi influenciado e colonizado por várias civilizações e impérios, entre os que usufruíram de Trípoli estão; fenícios, cartagineses, romanos e por fim turcos otomanos (1517-1911). Os italianos, após 1911 até a 2ª guerra mundial, agregaram regiões e formaram o atual território líbio. O controle após a 2ª guerra mundial passou para os ingleses e franceses, que comandaram a independência dando os poderes para o rei Idris I. No ano de 1959 foram descobertas enormes reservas de petróleo mudando o panorama econômico do país, além de atrair o interesse externo. Até hoje o petróleo compõe 90% das exportações líbias.
Muamar Kadafi, motivado pelas ideias do egípcio Gamal Abdel Nasser, tomou o poder em 1969 com 28 anos de idade, a partir desse momento iniciou um governo, por ele auto denominado Jamahiriya Árabe, posição ideológica que mistura socialismo, tribalismo e islamismo. Todas as suas ideias estão escritas no livro verde, obrigatório nas escolas líbias.
Seu estilo de governo ditatorial e confrontador financiou redes terroristas e separatistas na Europa, o mais sério atentado ocorreu em Lockerbie (1988), na Escócia, onde um avião da Pan Am explodiu matando 270 pessoas, Kadafi em 1999 confessou sua participação e entregou os responsáveis diretos pelo ataque a um tribunal internacional. Após esse episódio as sanções internacionais foram retiradas e o ditador líbio foi intensamente cortejado pelas nações sedentas por petróleo líbio.
Itália e Inglaterra se aproximaram de Kadafi para importar petróleo e investir na extração dos 46 bilhões de barris presentes no território da Líbia. Em 2010 os ingleses deram liberdade para o principal suspeito do atentado de Lockerbie, no mesmo mês a British Petroleum (BP) começou a operar em um mega campo na Líbia.
O ditador, aos olhos das potências ocidentais, foi, nos últimos dez anos, um grande aliado econômico e político. Além dos milhões de barris de petróleo, Kadafi auxiliou os EUA com preciosas informações sobre a Al Qaeda. Com seu estilo, aparentemente, refinado e nababesco conquistou a atenção de muitos líderes, inclusive o ex presidente Lula.
Kadafi nunca deixou as forças armadas com poderes maiores que o seu, formou uma série de milícias para sedimentar seus poderes por toda a sociedade. Esse fato indica problemas para uma transição política, pois diferentemente do Egito e Tunísia, as forças armadas são fragmentadas e os outros poderes, também são fragilizados.
Porém, mesmo com as reformas socioeconômicas a onda de manifestações atacou o regime, até então, estável. Contaminados pelas revoltas em outros países, grupos contra ditadura, iniciaram manifestações, no mesmo momento, Kadafi reagiu e ordenou que suas milícias e o exército atacassem os revoltosos. Os números de mortos passam de mil, segundo os opositores e organizações pelos direitos humanos presentes no país.
Após os pesados embates a ONU autorizou novas sanções contra a família de Muamar Kadafi e seus correligionários, as principais potências impuseram suas próprias sanções contra o governo ditatorial em razão da violência contra os civis.
Os problemas na Líbia são mais influentes para o setor energético mundial, o país exporta grande quantidade de combustível para vários países, especialmente, para Europa. Com todos esses distúrbios o barril de petróleo foi a US$ 120, nível semelhante à crise de 2008. Com esse preço o petróleo pressionará ainda mais a inflação no mundo podendo levar vários países a recessão ou estagnação econômica.
Para o Brasil a crise na Líbia possui efeitos diretos. Muitas empresas de infraestrutura e construção civil operam no país, os trabalhadores brasileiros saíram do país pelo temor que a situação se agravasse. Outro efeito foi a valorização das ações da Petrobras em conseqüência do aumento do preço do petróleo.
O fim da ditadura de Kadafi pode estar próximo e o aumento dos distúrbios em outros países é evidente, mas a revolta na Líbia demonstra um aumento na violência contra os manifestantes, ao contrário da queda dos ditadores na Tunísia e Egito a violência de Kadafi é real, por esse motivo a mobilização da comunidade mundial é maior.
Vale destacar a participação dos meios de comunicação, pois a telefonia móvel, a rede de TV Al Jazeera e os programas de rede social provocam uma forte ressonância, fortalecimento e organização para os anseios participativos dos jovens árabes.      
                


domingo, 20 de fevereiro de 2011

O maior desastre natural do Brasil

Todos os anos uma triste catástrofe ocorre na região mais povoada do país. Pela sua constância deveria ser tratada como algo de prioridade máxima. Mas, por esta catástrofe ser cíclica e, em sua maioria, castigar setores mais pobres da população os políticos pouco se mobilizam e não fazem desta tragédia uma política pública.
A mais recente foi a maior tragédia natural de todos os tempos no Brasil, os deslizamentos e a morte de 905 pessoas na região Serrana do Rio de Janeiro que suplantou os 785 mortos, também, no estado fluminense em 1967.
            Essa tragédia é constante. Em janeiro de 2010, em Angra dos Reis, 52 pessoas foram mortas por escorregamentos. No final de novembro 2008, uma tragédia ocorreu no Estado de Santa Catarina, deixando 135 mortos e 32 mil desabrigados, além de SC, em Minas Gerais as enchentes, em 2008, foram responsáveis por 30 mortos. Não bastando essas catástrofes, no Rio Grande do Sul por efeitos das chuvas 12 pessoas morreram naquele ano.         
             Os escorregamentos e enchentes ocorrem entre os meses de outubro e março, justamente no período das chuvas no sudeste e sul brasileiro. Nos últimos anos, centenas de pessoas morreram vítimas dos deslizamentos e enchentes. As perdas materiais não sobrepujam as vitimas, mas os estragos podem ser vistos nas estradas, pontes, residências, contaminações fluviais e perdas dos bens materiais dos sobreviventes. 
            As regiões Sudeste e Sul agregam sete estados da federação e todos eles são importantíssimos para a economia brasileira. A maior parte da região Sudeste é ocupada pelo domínio morfoclimático dos Mares de Morros. Este domínio é extremamente complexo e único, não existe em nenhuma parte do mundo uma região que agregue altíssima biodiversidade, planaltos e escarpas cristalinas, clima Tropical e forte rede hidrográfica. A região Sul também possui uma geografia de planaltos elevados, sendo uma área, climaticamente, de transição e encontro de massas de ar.
            Mas a posse desta macro-região, ocorrida desde 1500, foi apenas com a intenção do avanço econômico e sem visualizar as potencialidades ecológicas e ambientais. Atualmente, se notam as conseqüências desta posse tão equivocada e arbitrária efetivada pela ganância e pressa do ser humano.
      
    Histórico
  • Séculos XVI - XVII– Portugueses ocupam o litoral e efetivam a extração do pau-brasil e o plantio da cana-de-açúcar.
  • Séculos XVII – XVIII – Período de forte desmatamento na Mata Atlântica mineira pela Mineração e agricultura de abastecimento.
  •  Século XIX – XX – Cafeicultura devasta grandes áreas de São Paulo e Rio de Janeiro.
  • Século XX – Rápida Urbanização e intensa industrialização no Sudeste. As maiores cidades brasileiras estão localizadas na Mata Atlântica. A Ong SOS Mata Atlântica informa que menos de 7% da floresta subsiste.
   Domínio dos Mares de Morros
Um domínio morfoclimático relaciona as características climáticas, geológicas, topográficas e vegetais. No domínio dos Mares de Morros estas características são marcantes.
  • Clima Tropical Litorâneo = Quente e úmido, influenciado pelas massas de ar mTa, mTc, mEc  e mPa. Duas estações marcantes, forte umidade no verão e diminuição da pluviosidade no inverno. O litoral recebe ventos úmidos vindos do mar.
  • Geologia e relevo = Os planaltos e serras leste – sudeste atlântico possuem estrutura formada por escudos cristalinos. Estes planaltos e escarpas compõem relevos de razoável média altimétrica (1200m) e foram fortemente erodidos pelas águas de origem pluvial e fluvial, dando o formato de meia laranja ou mamelonares. Os solos nestes morros foram fixados pela atuação da Mata Atlântica, que protege a cobertura pedológica da ação direta das chuvas. Deslizamentos são naturais em áreas que estão encharcadas.                                                                            
  • Vegetação = A Mata Atlântica é o Bioma de maior biodiversidade do Brasil, pois agrega clima quente e úmido, está localizada em um relevo irregular, ultrapassa a latitude tropical, entra em contato com outros biomas e se estende pela faixa litorânea norte-sul. Composta por vegetação perenefólia, ombrófila e caducifólia é extremamente densa e complexa. E sua fauna é riquíssima.
  • Hidrografia = Rios de pequena extensão no sentido planalto – litoral, porém o planalto atlântico direciona as águas das chuvas para o interior do país formando volumosas bacias hidrográficas. Ex.: Bacia do Paraná e São Francisco.

Ocupação

   Mais de 60% da população reside na faixa litorânea que vai de norte a sul do litoral brasileiro. Grandes cidades brasileiras estão localizadas na antiga área de Mata Atlântica e encravadas sobre os planaltos litorâneos. Não existe nenhum problema residir nestas áreas, mas o abuso urbano transformou a ocupação num grande problema.
   As cidades de Salvador – BA, Belo Horizonte – MG, Zona da Mata mineira, Rio de Janeiro – RJ, cidades serranas –RJ e São Paulo (capital) cresceram aceleradamente e sem nenhum projeto de ocupação dos planaltos mais elevados. O núcleo destes centros urbanos, geralmente, está localizado em micro bacias existentes entre os planaltos, mas a periferia foi direcionada para as encostas destes morros.
   Os habitantes destas periferias, além de numerosos são despossuídos de recursos para a construção de suas casas. A ocupação dos morros se dá pela destruição total da vegetação e a edificação de casas escoradas umas nas outras.
   Consequentemente o solo fica exposto às águas pluviais e encharca-se, a rocha cristalina que está sob este solo não é capaz de reter esta massa de terra, facilitando o escorregamento. Não é raro sobre estes morros encontrar rochas enormes desagregadas, conhecidas por “Matacões”. A vegetação tem um fundamental trabalho de fixar estas rochas, mas com a retirada da floresta o solo escorrega levando consigo estas enormes pedras, aumentando o desastre.
O Professor Luiz F. Vaz, convidado do Instituto de Geociências da Unicamp, explicitou o fato em artigo no jornal O Estado de S. Paulo:
“O mecanismo desses deslizamentos segue o mesmo padrão: alguns meses consecutivos de chuvas contínuas, não necessariamente fortes, seguidos por um período concentrado de precipitações muito fortes; os vazios da camada de solo ficam saturados pelas chuvas contínuas, reduzindo a resistência do solo; como a água da chuva forte não tem como se infiltrar, escorre pela superfície, transformando o solo em lama e carregando árvores e blocos de rocha. Esse processo é conhecido como corrida de lama, pela alta velocidade do deslizamento, que pode chegar a algumas dezenas de quilômetros por hora.”
Todos os anos esses acidentes se repetem. Para piorar a situação a bacias sedimentares formadas no domínio mares de morros recebem intenso fluxo hidrológico. No entanto a urbanização impermeabilizou o solo e aumentou o volume d água dos rios que passam pela área urbana. As enchentes são devastadoras e deixam milhares de desalojados e desabrigados.
 Para piorar o quadro os solos são formados por vários materiais e as estruturas geológicas são segmentadas e complexas. Obras para grandes edificações como; túneis, metrôs, pontes e prédios devem receber um planejamento adequado e sério.

Tragédia atual

·                    Região Serrana do Rio de Janeiro, janeiro de 2011, 904 pessoas mortas. Nova Friburgo, que registrou 426 vítimas fatais. Teresópolis contabiliza 381 mortos, Petrópolis 71, Sumidouro 21, São José do Rio Preto quatro e em Bom Jardim um morador faleceu. Somando os desabrigados e desalojados estão 28 mil pessoas. Ainda existem por volta de 400 desaparecidos.

Tragédias antigas

·         Angra dos Reis, 2010, 52 mortos.
·         Alagoas e Pernambuco, julho de 2010, 40 pessoas mortas.
·         No Estado de São Paulo 38 cidades estão em estado de emergência, 5400 desabrigados e 70 mortos.
·         Chuvas intensas no Vale do Itajaí – SC provocaram enchentes e deslizamentos; 135 mortos e 32 mil desabrigados. O governo catarinense estima as perdas materiais em mais de R$ 500 milhões, além de estimar as perdas com o turismo em R$ 125 milhões. Os municípios mais afetados foram Brusque, Blumenau, Itajaí e Indaial. As chuvas foram intensas durante dois meses. Essa instabilidade foi em decorrência da junção de vários fatores, entre eles; encontro das massas mTa e mPa, além de ventos fortes e úmidos formados no litoral e que se direcionaram para o continente. A altitude do relevo no litoral de Santa Catarina contribuiu para a intensificação das chuvas.
·         Janeiro de 2007, desmoronamento da obra na linha 4 do Metrô paulistano vitimou 7 pessoas, além de sérios problemas nas fundações arquitetônicas dos imóveis vizinhos.   
·         No estado do Rio de Janeiro em 2007 foram 30 mortos, 6.000 desabrigados e 7.000 desalojados e estradas intransitáveis.


Conclusão
As enchentes e escorregamentos são conseqüências de um quadro formado há muito tempo. A destruição e a péssima ocupação da Mata Atlântica e seu relevo foram os responsáveis pela situação caótica de todos os anos. 
 O Domínio dos Mares de Morros não é o responsável pelas desgraças ocorridas. Os aspectos vantajosos vencem as dificuldades aparentes. O clima da região é propicio para uma agricultura de produtos que demandam muita água. Os rios formados pelas chuvas e pelo relevo são altamente adequados à obtenção de energia elétrica. Os incontáveis recursos biológicos podem, ainda, enriquecer a indústria farmacêutica e de cosméticos do país. Além da beleza única do domínio que auxilia o setor turístico do Brasil.
A urbanização das cidades devem primeiramente obedecer ao padrão e resistência natural. As encostas devem ser urbanizadas pelo método de curva de nível, intercalado pela mata nativa. Um programa de re-distribuição urbana deve ser efetivado para oficializar as residências das encostas e re-alocar famílias em lugares mais seguros. O aparelho urbano para os milhões de habitantes dos morros brasileiros passa pela retomada do espaço natural.
Um entrave político é marcante para a solução destes problemas, as enchentes e escorregamentos são cíclicos. Passado o período das chuvas a calamidade é esquecida e é retomada a construção nos morros. Os problemas com as chuvas em SC são monitorados há tempo, pois, de acordo com a UFSC o estado já contabilizou 248 mortos, e 800 mil desabrigados, vítimas de catástrofes naturais entre os anos de 1980 a 2004. E uma das áreas de maior risco é o Vale do Itajaí.
Especialistas indicam que a união de todos os institutos que pesquisam as influências naturais, nas regiões de maiores riscos, é de suma importância. Os dados feitos por essas entidades ficam perdidos e nadam acrescentam para a prevenção e atuação após os desastres. A criação de um órgão federal único é urgente, pois esse órgão poderia reunir técnicos dos vários setores, geologia, geomorfologia, hidrologia, geografia, meteorologia e arquitetura, para traçar metas mais eficazes e duradouras.
O histórico já demonstrou que essas responsabilidades apenas delegadas para o poder municipal continuarão formando catástrofes, pois é sabido que os municípios ficam com a menor parcela dos impostos recolhidos e possuem baixíssimo poder de investimento, o órgão proposto deve ser de caráter federal e mais abrangente.  
As eleições, sejam elas do poder executivo e legislativo, ocorrem antes dos problemas começarem. As medidas para solução dos problemas raramente estão no debate eleitoral (dois em dois anos).
Na ocupação do Domínio dos Mares de Morros, desde o inicio, não foi respeitada a dinâmica ambiental. Hoje todos os moradores, ricos ou pobres, sofrem as conseqüências dos desastres naturais. A retomada da inteligência e dinâmica própria do quadro natural se faz necessário para existir um mínimo de boa relação entra a Natureza e os Cidadãos.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Classe Média "Colchão ou Colchonete" Sociais

Uma grande revolução socioeconômica está ocorrendo no Brasil a um pouco mais de 10 anos, essa profunda mudança já está influenciando todos os setores da sociedade e especialmente a economia.
O fenômeno verificado é a ascensão de um contingente populacional para patamares de maior poder de consumo e influência econômica. Esse novo mercado consumidor a cada ano se estabelece com maior força e importância para os principais setores da atividade produtiva.
O novo cenário foi motivo de capa e reportagens de vários veículos de comunicação não só no Brasil, mas pelo mundo. A revista The Economist (2008) verificou que a elevação da escolaridade, o aumento de renda, os programas assistenciais e os empregos formais foram os responsáveis por tornar o Brasil um país de classe média.
Cerca de 100 milhões de brasileiros, um pouco mais da metade da população do país, já estão na faixa de rendimentos considerada classe média “C”. Esse grupo com novos hábitos de consumo e espalhado por todas as regiões do país chama a atenção dos governantes, empresas e pesquisadores envolvidos na área socioeconômica.
O aumento do poder de consumo é a principal característica dessa nova Classe Média, com a estabilidade econômica conquistada desde o Plano Real (1994) os brasileiros puderam experimentar novos modos de consumo, aumento do crédito e maior empregabilidade. Assim toda a cadeia produtiva nacional foi movimentada e sofisticada.
Mesmo que as perspectivas para a manutenção e aumento dessas boas condições sejam otimistas para o ano de 2011, um sinal amarelo deve ser dado para a fragilidade de se avaliar e classificar esse grupo como classe média, apenas pelo aumento de renda e, conseqüentemente, consumo. Ao analisar e tipificar esse novo fenômeno como classe média pode-se incorrer no erro de determinar um patamar, que pelo grau de fragilidade, o país pode perdê-lo a qualquer crise.
A Classe Média nos países desenvolvidos, parâmetro para comparação da aula, agrega a maioria dos cidadãos nesses países, entretanto esse nível socioeconômico possui características diferentes apresentadas pelo fenômeno de incorporação social atual dos países emergentes. Nas nações industrializadas a classe média é amparada por recursos básicos universalizados (para todos) na educação saúde, transporte e segurança. A qualidade desses serviços gera maior robustez socioeconômica para enfrentar possíveis crises e transformações na atividade produtiva.
O sinal amarelo, válido como reflexão, é que a incorporação socioeconômica apresentada pelo Brasil, ainda, pouco envolve esses fatores de relevância para a e redução da histórica e perseverante desigualdade social no país.




Classe média dos Países desenvolvidos

O termo classe média foi pela primeira vez utilizado pelo ensaísta inglês Thomas Gisborne no final do século XVII, ele afirmou que a classe média estava situada entre os Nobres e os trabalhadores rurais e urbanos. Com o tempo historiadores e economistas analisaram que a classe média já estava sendo formada desde a época dos renascimentos urbano e comercial na Baixa Idade Média.
A burguesia residente nas cidades re-fortalecidas (burgos) começou a apresentar características que seriam visualizadas com maior nitidez séculos mais tarde, especialmente após a revolução industrial.
Na revolução industrial a classe média foi designada como as pessoas que estavam envolvidas com ganhos financeiros e era conhecida como trabalhadores de “colarinho branco”, pois não possuíam serviços ligados as fábricas, sendo esses relacionados aos operários.
Com a maior ascensão econômica, social e política da classe trabalhadora, especialmente na Europa Ocidental e EUA (século XIX), os profissionais liberais, médicos, advogados, engenheiros e comerciantes, ganharam companhia, pois os operários começaram a repartir os mesmos espaços nas escolas e nos serviços públicos, sendo esses estendidos para uma maior parcela da população.
No final do século XIX e início do século XX a nascente sociedade de consumo permeava várias camadas da população, assim os privilégios e novas formas de consumo equiparavam as classes sociais nos países de antiga industrialização.
Porém o maior aumento da classe média ocorreu após a 2ª Grande Guerra Mundial, através das políticas de cunho social-democrata instituiu nos países capitalistas desenvolvidos o Welfare State, (Estado do bem-estar Social). Nesses países o Estado iniciou um processo de alta proteção socioeconômica para a maioria da população conseguindo equiparar em muitos setores a classe operária dos profissionais liberais, oferecendo condições para a ascensão social de uma substancial parcela da população.
Com o Neoliberalismo, a partir do final da década de 70, os governos sociais democratas não conseguiram manter essa abrangente política, deste modo, foi adotada a política de redução do Estado, com os processos de privatização e menor interferência do governo na economia. Mas quem sofreu e sofre com a saída do Estado foi a população, pois as perdas foram sensíveis e até hoje países, na tentativa de manter o amparo social, enfrentem problemas com o déficit público (Gastos maiores que a arrecadação) , o maior exemplo atualmente é a Grécia.
Mesmo com as perdas socioeconômicas nas duas últimas décadas os países desenvolvidos lutam para manter o mínimo das conquistas anteriores para a classe média. Nos EUA e Suécia a classe média perfaz 90% da população, enquanto no Chile e Argentina essa faixa social está em 45% e 34% da população respectivamente.
Conquistas sociais e econômicas como educação, saúde, segurança e transporte oferecem uma grande resiliência para a sociedade nos momentos de crise, pois elas foram implantadas na cultura, na infraestrutra e no dia-a-dia dos habitantes, portanto serve de proteção e, ao mesmo tempo, uma fonte de saída para as crises.
 A classe média com o passar do tempo e evolução foi  agregando as seguintes características:

·         Educação = Pessoas com diploma universitário e aprimoramento técnico. Especialmente as pessoas da classe média têm o objetivo de ascensão social e a educação é a principal ferramenta para alcançar o objetivo. 
·         Renda = A fonte de renda pode variar de acordo com os países. Existem países que a classe média é mais empreendedora (comércio e profissionais liberias) e outros em que a segurança de uma renda estável (serviços público e privado) é o mais importante.
·         Consumo = O consumo dos itens básicos é assegurado, mas a fidelidade por marcas de melhor qualidade é evidente. Na classe média os gastos com educação, cultura e turismo são elevados.
·         Valores de Classe social = Visão política homogênea, valores familiares, valores de trabalho e de conquista e valores religiosos.
·         A busca do conforto na Casa Própria

Classe média no Brasil
A história brasileira foi marcada pelo escravismo, monoculturas agrícolas e uma recente industrialização. A formação de uma maior burguesia ocorre no início do século XX e posteriormente se intensifica após os anos 30 com o processo de industrialização. Deste modo a classe média, até esses eventos, era formada por poucos profissionais liberais, religiosos e membros da classe militar, pois seus filhos conseguiam estudar em bons colégios.
Entre os anos 50 e 70 o processo de industrialização incrementou a sociedade brasileira especialmente nos grandes centros do sudeste. A indústria foi responsável em aumentar a complexidade econômica nas metrópoles formando uma classe de operários e empresários.
O Milagre Econômico entre 68 e 73 potencializou o crescimento, pois o governo em todas as esferas realizou vultosos investimentos na infraestrutura e criou muitas empresas estatais, conseqüentemente, o funcionalismo público explodiu. O crescimento no período possibilitou criação de uma nova classe média ligada aos empregos estatais.
Porém os anos 80 e início da década de 90 foram anos de várias crises econômicas e a classe média sofreu o impacto da alta tributação, perda de empregos (privatizações) e baixo crescimento econômico.
A partir de 1994 o Plano Real criou condições para a estabilidade econômica, tendo o maior ganho o controle da inflação, porém apenas nos anos 2000 a economia do país iria retomar o caminho do crescimento econômico.       

Classe Média: Colchão Socioeconômico X Colchonete Socioeconômico
As condições socioeconômicas de uma nação para os seus habitantes determinam o desenvolvimento, prosperidade e resistência as crises. Essas condições quanto mais estiverem presentes para maioria da população, ou a todos, é capaz de formar um virtual colchão de proteção social para a população.
Esse colchão social é composto pela infraestrutura básica (saneamento, transporte e energia), educação e um ambiente seguro para a população e economia. Esses elementos estendidos de forma universal para a população, inevitavelmente, criarão uma nação menos desigual e mais justa.  

Fonte: Revista Época 11/08/08 - FGV

             
            Esse mesmo colchão que deixa a população confortável para a produtividade, o estudo e o desenvolvimento pode ser o principal fator para amenizar crises vindas de qualquer setor.  Além dessa proteção, o colchão social apresenta-se como uma fonte de impulso para mudanças criativas e menos dolorosas para os cidadãos. Principalmente a educação é produtora de mão-de-obra qualificada e de uma massa crítica e intelectual capaz de reverter situações.
            Já os países pobres não possuem uma proteção social substancial e quando existe algum tipo de serviço público sofre o sucateamento e degradação, assim nesses países o colchão social é muito mais fino, e se existir, assemelha-se a um colchonete.
            Com uma proteção tão fina os impactos de crises são mais sentidos e dolorosos e as possibilidades de recuperação ficam exíguas. Nos países subdesenvolvidos o colchonete social não possibilita uma recuperação tão rápida e pode devolver um grande contingente populacional para a pobreza.

Novo fenômeno do Brasil; Classe de Sustentação Econômica para a Crise de 2009 e Perigo da volta a Pobreza
A nova classe média brasileira, chamada de Classe média C, é composta por quase 93 milhões de habitantes e a renda se situa entre R$ 1065 e R$ 4600 mensais. Esse grande contingente foi e está sendo responsável pela manutenção da atividade produtiva no Brasil e conseguiu amenizar a crise mundial para o país.
Vale lembrar que a chamada classe média A/B possui uma renda acima de R$ 4600 e a classe média D recebe mensalmente entre R$ 768 e R$ 1065. Abaixo desses rendimentos está situada a classe de renda baixa com vencimentos de até R$ 800. 
A ascensão desse novo grupo está intimamente ligada as mudanças econômicas ocorridas desde o início do Plano Real. O controle da inflação, a valorização do salário mínimo, os programas de transferência de renda e o crescimento econômico dos últimos anos possibilitaram um impulso na renda para os trabalhadores.
O consumo foi o primeiro fator a sofrer modificações positivas pelo aumento da renda da Classe C. A facilitação do crédito, o alongamento das parcelas, juros mais baixos e a redução dos preços de muitos produtos potencializaram as vendas no varejo nos últimos anos. Esse fato é responsável por manter o comércio aquecido proporcionando empregos e dinamização econômica.
Uma das grandes características da Classe média é o sonho da casa própria, o Brasil possui um déficit de mais de 7 milhões de moradias, sendo necessário ao menos vinte anos para sanar esse problema. Desde 2009 o governo federal através de políticas de subsídios investe na construção civil voltada para a classe média C, esta ação tem dois efeitos diretos que são a construção das moradias e o aquecimento da economia, pois a construção civil é um dos motores para o crescimento econômico.
Ainda no Brasil, mesmo com o aquecimento dos últimos anos, o crédito voltado para a construção civil é escasso, países desenvolvidos possuem em média um valor de 60% do PIB empenhado em crédito imobiliário, enquanto no Brasil essa porcentagem é de apenas 2%.
A aquisição de automóveis e eletroeletrônicos é um ícone de ascensão social para a classe C, a produção desses itens é recorde na história da indústria brasileira. O consumo desses produtos foi facilitado pela expansão e facilidade do crédito, além do alongamento e redução das parcelas do financiamento.
A incorporação de novos hábitos de consumo é notável, pois setores e mercadorias antes só acessíveis para as classes AB agora já fazem parte do cotidiano da classe C. Isto é notável para o setor de turismo, aviação, seguros, entretenimento e cosméticos.
O avanço da renda é perceptível e foi de enorme importância para o Brasil enfrentar a crise. Entre 2000 e 2006 o crescimento econômico estava baseado na exportação, porém a partir de 2007 o mercado interno começou a ser um importante agente do crescimento. A redução da dependência externa e uma maior participação do mercado consumidor interno, especialmente a classe C, fizeram com que o PIB ficasse perto da estabilidade (-0,2%) no ano 2009, mesmo com o decréscimo foram criados quase 1 milhão de novos empregos formais.
Pode-se afirmar que atualmente o Brasil possui um mercado consumidor robusto e atraente, essa percepção não foi somente notada pelo governo e empresas do país. Bancos, instituições e empresas internacionais apontam o Brasil como país de grandes oportunidades para a atividade produtiva. Mesmo China é Índia possuindo uma maior população o Brasil possui um mercado consumidor mais sofisticado e urbanizado, demandando não só quantidade, mas também qualidade no consumo.
As estratégias para atingir esse 100 milhões de pessoas são diferenciadas, pois acostumadas a vender apenas para as classes de maior renda as empresas foram forçadas a buscar novas formas de publicidade, alcance e apelo aos novos consumidores. Empresas que antigamente vendiam apenas para classes de maior rendimento, agora buscam adequação de produtos para aumentarem suas vendas nas regiões onde a classe média C é substancial.     
  
Conclusão

O fenômeno é impressionante, inédito e positivo para o Brasil, esse movimento é verificado em várias partes do mundo, especialmente nos países emergentes. O aumento da renda de uma grande massa de habitantes está melhorando o padrão de vida e oferecendo acessibilidade a segurança alimentar, recursos tecnológicos e conforto.
Entretanto se a classificação dessa nova classe média brasileira se pautar apenas na renda pode ser uma avaliação muito frágil e perigosa, pois a qualquer momento de mudanças conjunturais e estruturais a classe C pode retornar rapidamente a população de baixa renda.
Os problemas ainda enfrentados por essa recém formada classe média são vários, exemplificados pelo o alto endividamento (juros e impostos altos), a mão-de-obra desqualificada (lento processo de recolocação de trabalho) e a falta de moradia e infraestrutura adequadas (mesmo com a melhora de cenário). Esses graves problemas podem ser freios e também barreiras para a manutenção do crescimento econômico e o fortalecimento da nova classe média.
A manutenção desse importante contingente é estratégica para a economia e desenvolvimento social do país, a renda possui enorme valia para uma maior prosperidade e sobrevivência da população brasileira, porém outros fatores são essenciais para a evolução dessa nova classe social que agrega quase 46% da população do Brasil.
Os itens que compõe o Colchão Social (educação, saneamento, saúde pública, energia e transportes) são mais eficazes e duradouros que, somente, a renda. O crescimento econômico tão almejado pelo país pode ser comprometido se os recursos básicos não acompanharem o aumento de renda da Classe C. Vale lembrar que um robusto Colchão Social inevitavelmente aumenta a renda, pois evita gastos desnecessários, qualifica a mão-de-obra e melhora a saúde pública.
A defesa pela manutenção da elevação da renda e do consumo é justa e necessária, entretanto paralelo a esse processo, a universalização dos recursos sociais deve ser ressaltado e colocado em primeira ordem pelos governantes, setor produtivo e pela própria classe ascendente. Sem o fortalecimento do Colchão Social essa nova fase da sociedade brasileira pode se tornar mais uma oportunidade perdida.               

Bibliografia:
A classe média Brasileira; Souza &Lamounier. Ed. Campus
O consumidor de baixa renda; Rocha Azevedo & Mardegan JR. Ed. Campus
Revistas: Época; Veja; Exame e The Economist


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Cada um tem e teve o que merece! Será que merecemos?

EUA = Bush
Itália = Berlusconi
França = Sarkozi
Argentina = Cristina Kirchener (acho que é assim que se escreve)
Venezuela = Chavez
Bolívia = Morales
Egito = Hosni Mubarak
Brasil = L...  FH...  Collor .... Itamar, mas o pior SARNEY... RENAN CALHEIROS... COLLOR II
Lá no Egito foram 30 anos, mas ficaram indignados...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Aumento de preçossss!!!

Os alimentos subiram em média 28% de 2010 para 2011
Soja = 55% ferrou  ração, óleo de soja (já era frituras), vai ficar mais caro os industrializados que colocam gordura vegetal ... quase todos  carne de frango  e porco, pois os bicho se alimetam disso!!!!

Milho = 64% ferrou sucrilhos... Fandangos ..... muitos salgadinhos industrializados .... Frango e porco, pois comem ração... Broa vai virar presente !!!! Cinema já era, já está caro e com a pipoca quebra qualquer cara que que fazer gentiliza pra menina!!! A companheira tem que se tocar! Farinha de Milho puuu e aquele suco do graal de milho R$ 50 o copo (informação com necessidade de análise) fora o cural que levo pra minha mãe, vou dar pra ela de dia das mães... cuscuz (não sei com escreve, só sei que está inviável)

Açucar = 54%  ...já era doce!!! por um lado a saúde pública agradece!!! vai voltar o tempo colonial ... álcool demora a cair o preço... viagem e rolê, mais difícil ... casal tem que dividir as coisas.

Café = 80% ... pingadooo cada vez mais branco e xícara menor ... imagina pra fazer uma graça no frans café ...

Trigo = 50% .. pãozinho vai virar luxo... tudo quanto é coisa vai subir!!!!

Crise Mundial dos alimentos

              Você sentiu que o preço do pãozinho está mais caro? Já teve a curiosidade de perguntar para sua mãe, o quanto está custando um quilo de feijão? 
            Por mais que seja confortável a situação alimentar em seu lar, o mundo passa por uma gravíssima crise de abastecimento, pelo fato de que nos últimos três anos o preço dos alimentos cresceu mais de 80%.
            O flagelo da fome voltou a rondar cerca de 900 milhões de pessoas, isto ocorre em um momento que os líderes políticos e as organizações mundiais diminuíam a desnutrição e a carestia mundial. Porém, com a forte inflação verificada nos alimentos, os programas nutricionais estão seriamente comprometidos.
            Movimentos e tumultos ocorreram em vários países do mundo, desde 2008, principalmente nos mais pobres, em razão da falta e da alta dos preços dos gêneros básicos.
            Até a China, economia que mais cresce no mundo, acusou problemas inflacionários para habitação e, principalmente, alimentação. Estudos revelaram que 74% dos chineses indicaram insatisfação pelo aumento dos custos de vida.
            O Brasil como grande produtor mundial de alimentos e commodities agrícolas, também é influenciado pela pressão inflacionária internacional. A maior parte de seus produtos está diretamente pautada no mercado mundial, com exceção do feijão e do leite, a soja, o milho e o trigo são produtos comercializados e especulados no mercado externo, assim qualquer mudança fora do país é inerente a alteração interna.
            Outro fator agravante é a produção agrícola, que está sendo direcionada para o setor energético. O Brasil, desde a década de 70, já produz álcool da cana-de-açúcar, porém, os EUA e Europa estão produzindo álcool retirado do milho e de oleaginosas, sendo que o milho pode ser diretamente empregado na alimentação.
            A discussão da culpa da inflação dos alimentos é intensa e recheada de acusações tendenciosas e de desvio dos fatos reais. A preservação dos interesses, como sempre acontece, está presente em todos os lados da discórdia. Mas enquanto as discussões permanecerem, milhões de pessoas sofrem o pesado ônus da comida onerosa.
            Um detalhe moderno é o aumento de países com elevação no índice da massa corporal, com exceção dos homens da África Central e do Sul da Ásia, todas as outras regiões tiveram aumento do IMC, este fato pode ser explicado porque uma parcela da população desses países aderiu a uma alimentação ocidentalizada e hábitos de vida mais sedentários. Esse novo panorama influenciou no aumento de problemas cardiorrespiratórios desses países.   
   
Fome. Por toda a história, os humanos conviveram com a fome, porém nunca este mal pode ser considerado um fato natural, pois a carência alimentar é profícua em desestabilizar qualquer sociedade estabelecida e organizada.
            Os aspectos básicos para a sobrevivência do ser humano estão em processo de capitalização, a água já se paga para tê-la (quando tem), o ar, poluído, gera custos altíssimos para tratamento de doenças respiratórias, sem contar o rodízio, porém a alimentação há muito tempo já está capitalizada. Portanto, só pode comer se existir dinheiro.
            A Fome é um mal que pode ser diferenciado em dois tipos: a fome global ou energética, que é falta de carboidratos na alimentação diária, e a fome parcial ou específica, que é a falta de vitaminas, proteínas e sais minerais.
            Os dois tipos de fome podem levar a terríveis conseqüências para os afetados pela carência alimentar. As pessoas que não ingerem carboidratos na quantidade suficiente podem sofrer o “marasmo”, a falta de proteínas, sais e vitaminas pode acarretar os mais diversos distúrbios e doenças (anemia, cegueira noturna, escorbuto, kwashiorkor).
            A fome global está sendo sensivelmente diminuída, porém a fome parcial ataca com muita força cerca de 900 milhões de pessoas em todo mundo.
            No livro “A Fome crise ou escândalo?”, Melhem Adas destaca que a fome é ocasionada pela péssima distribuição de renda e não pela falta de alimentos. Este fato é verificado na crise atual, segundo a FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação), o mundo, atualmente, tem uma produção recorde de alimentos, porém o panorama socioeconômico se alterou.
            Adas salienta quais as principais razões para a perpetuação da fome no planeta, são eles;
·         Agricultura de Exportação X Agricultura de produtos Alimentares.
·         Injusta estrutura fundiária e subaproveitamento da terra.
·         Concentração das transnacionais na produção e distribuição dos alimentos.
·         Revolução Verde e Agropoder.
·         Gastos Militares dos países subdesenvolvidos.   
  
            Motivos da Crise Mundial de Alimentos. Atualmente, é inegável que o forte crescimento econômico mundial influenciou os preços das commodities. Os minérios, os recursos energéticos e os produtos agrícolas estão se valorizando a cada ano, assim todos os produtos da cadeia produtiva sofrem variação dos preços.
            O peso dos alimentos sempre é mais sentido para a camada mais pobre da população, para os mais pobres, os gastos com a comida possuem uma porcentagem maior nos gastos básicos, por volta de 40% da renda dos mais pobres e 15% para o mais abastados.
            A situação, em 2008, ficou insustentável, pois a população de muitos países protestou contra a terrível situação. Os movimentos foram mais intensos no México, Egito, Haiti, Camarões, Burkina Fasso, Indonésia e Moçambique. Atualmente, a crise na Tunísia, Egito e em todo mundo Árabe possui a alta no custo de vida, especialmente os alimentos, como indutora das manifestações e revoltas.
            O Diretor Geral da FAO, Organização da ONU para agricultura e Alimentação, Jacques Diouf indica quais são as principais causas da elevação dos preços dos alimentos atualmente;
1.      Nos últimos meses condições climáticas adversas, grande umidade ou seca, afetaram os principais países produtores de alimentos.
2.      Aumento dos custos produtivos, pela elevação do petróleo.
3.      Consumo maior verificado na China e Índia, além da mudança na dieta tradicional destes países, aumentando o consumo de leite e carne (para um quilo de carne de boi, são necessários de sete a oito quilos de grãos).
4.      Uso de grãos para biocombustíveis, especialmente o milho nos EUA, mais de 100 milhões de toneladas foram utilizadas para fazer álcool.
5.      Especulação financeira em bolsas de mercado futuro.
6.      Subsídios dos países ricos que impedem investimentos nos países pobres, e não deixa criar ambiente estável para a produção agrária.

            Uma acalorada discussão está desde 2008 sobre os biocombustíveis, o presidente do FMI, Dominique Strauss-Kahn afirmou: “Quando produzimos biocombustíveis de produtos não usados como alimentos, tudo bem. Mas, quando eles são feitos de produtos alimentícios, isso representa sério problema moral”.
            O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, indicou na semana passada que o G20 tem que conter a alta dos alimentos, pois a inflação nos preços de alimentos pode gerar instabilidade econômica, carestia e “motins de fome”.
            O álcool e o biodiesel produzidos nos EUA e na Europa através do milho, girassol e outras sementes, foram fortemente criticados, pois estas culturas são diretamente utilizadas para a alimentação.
            Porém as críticas também foram direcionadas para a produção de álcool no Brasil, através da cana-de-açúcar. Os críticos alertam que a cana sobrepujou áreas que poderiam produzir alimentação, assim o Brasil estaria agravando o problema dos alimentos.
            Rapidamente, na época, o governo Lula contra-atacou, e demonstrou que a cana não traz os mesmos prejuízos dos produtos do hemisfério norte. O governo sustenta que a área da cana é 1% das áreas agricultáveis do país, assim não chega a pressionar outras culturas, também salienta que a cana, não é diretamente um produto alimentício.
            No Brasil a cesta básica no último mês aumentou em 14 das 17 capitais pesquisadas, em São Paulo a cesta custa R$ 262,00. O DIEESE, Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos, afirmou que o salário mínimo de veria ser de R$ 2.196,00 para cobrir as necessidades básicas de uma família, 4 vezes a mais que o salário mínimo real. Esse valor em janeiro de 2010 era de R$ 1.987,00, comprovando a inflação no período.
   
            Conclusão. A discussão é salpicada de meias verdades, pois em todos os argumentos apresentados se encontram respostas para a crise.
            O governo brasileiro e o Secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, sustentam que os maiores culpados são o crescimento do consumo mundial e o protecionismo dos países ricos, que desestabilizam o mercado, e monopolizam os possíveis investimentos para os países pobres.
            O argumento dos países mais ricos sobre os biocombustíveis é até certo ponto sensato, porém não é o único. As empresas multinacionais que controlam a comida no mundo e os fundos de investimentos que especulam com as commodities, oferecem fortes causas para a crise mundial.
            A crise da alimentação tem que ser tratada de modo urgente e não apenas paliativa, pois todos os líderes e pesquisadores apontam que a alta deve durar até 10 anos, mesmo com a forte crise de 2009. Os governos de Inglaterra e França já disponibilizaram quase R$ 1 bilhão para aprimorar a agropecuária dos países mais afetados, porém seria mais racional mexer em suas políticas de subsídios.
    Muitos países exportadores já mexeram em suas políticas de abastecimento para impedir exportações e regularizar os estoques internos (Argentina, Indonésia, Filipinas, Tailândia, China e Índia), com intuito de impedir a falta de alimentos no mercado interno.
            O mais impressionante é a rapidez na resolução dos problemas internacionais, quando o socorro é para as instituições financeiras internacionais, a agilidade é ímpar, porém para a solução da fome mundial a morosidade é o tema principal.  
O Brasil pode ganhar com esta crise, pois possui terras para rapidamente adequar seus estoques, e ainda aproveitar os preços elevados no mercado externo, porém o governo deve regulamentar e direcionar as produções de caráter primordial para a população.   Com a alta nos preços das commodities o valor da terra no Brasil teve um aumento significativo nos últimos meses. Apenas em São Paulo o valor do hectare dobrou. O perigo do aumento do valor fundiário é o aumento do custo em toda cadeia produtiva, consequentemente, o custo do alimento pode permanecer alto.         
Enquanto a crise não passa o jeito é diminuir a comida e diversificar os alimentos, pois o pãozinho e o feijão continuarão caros. 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Espaço Agredido, Espaço Agressivo

    Regra Simples para para problemas que querem mostrar saídas complexas e complicadas. Muita prolixia para demonstrar erudição, muitas voltas pra encher linguiça e muita pompa pra valorizar o vazio!!! Qualquer Espaço mal cuidado, produzirá Espaço que contra ataca...
Como é tratado o espaço na favela?
Como é tratado o espaço nas áreas de risco?
Como está o espaço nas áreas mais violentas?
Como está o espaço do nosso coração?
Simples... Cuide de seu espaço 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Jogar, Doar ou se desfazer!!!!!

Jogar, Doar ou se desfazer!!!!!

Vale para todas as coisas da vida:
  • Roupas, acessórios e sapatos
  • Menos comidaaaaa (sal e açucar) obs.: essa não vale doar
  • Coisas pesadas da mente (Inveja, ciúmes, tristeza, rancor e raiva) Obs.: Também não pode doar
  • Aqueles negócios de enfeitar a casa ... vulgo lembrancinhas
  • Papel, jornal e revista velha
  • Livr... isso é um pouco difícil
Vai tentando isso para tentar simplificar as coisas falouuuu
Dica: Gail Blanke Jogue fora 50 coisas ed. ediouro (dá pra pular algumas partes)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mudanças em um mundo que não mudava

Por décadas as nações árabes estão sendo dirigidas por regimes políticos opressores e ditatoriais. Como toda ditadura o comando político é mantido com pouquíssima participação popular, perseguição e muita violência. Nos últimos dias mudanças significativas estão ocorrendo nos países árabes, a Tunísia trocou seu mandatário, revoltas populares ganham força na Argélia, Iêmen, Jordânia e o maior movimento está ocorrendo no Egito.
           Essa onda de revolucionária teve início em 14 de janeiro na Tunísia, onde os manifestantes derrubaram o ditador Ben Ali que mantinha o poder desde 1987. Esse movimento ficou conhecido como Revolução de Jasmim. Porém, o triste saldo foi a morte de 60 pessoas nos confrontos.
            O mundo árabe possui várias características importantes para a economia e geopolítica mundial. Alguns países detêm enormes reservas de petróleo (Arábia Saudita, Iraque, EAU, Catar, Argélia e Líbia), outros possuem grande valor nas discussões políticas internacionais (Egito, Síria e Jordânia). Atualmente esses países recebem enormes investimentos de empresas globais e ainda financiam empreendimentos por todo mundo.
            As revoltas que ocorrem nesses países possuem explicações comuns, são elas:
·         Insatisfação com os governos fechados, opressores, violentos e corruptos
·         Desemprego, especialmente entre os jovens, e baixíssimo crescimento econômico
·         Apelo a processos políticos mais democráticos
·         Carência de gêneros básicos para a sobrevivência, além da crescente inflação nos preços dos gêneros alimentícios
·         Milhões de pessoas sem acesso a infraestrutura básica de sobrevivência

Uma característica marcante nos movimentos foi a utilização da telefonia e da internet com seus programas de redes sociais, tanto da Tunísia quanto, atualmente, no Egito o Facebook e o Twiter foram utilizados para marcar os encontros em tempo real, informar sobre as manifestações e coibir atos de violência. As manifestações, através desses veículos, podem ser convocadas a qualquer momento, além de constantemente reforçadas.
O fato novo percebido nos recentes eventos é a participação de vários setores da sociedade. A organização coube a grupos emergentes da classe média que posteriormente recebeu a adesão dos sindicatos, grupos religiosos e da população em geral.
 A revolução no Egito é, sem dúvida, a de maior importância. O país dos faraós é comandado por ditadores desde 1952 e o atual governante, Hosny Mubarak, está desde 1981 no poder. Sendo a maior nação árabe do mundo, 80 milhões de habitantes, o Egito possui uma importância estratégica, econômica e política para o mundo. Para os EUA o Egito é um parceiro que mantém acordos com Israel, equilibra as contendas entre o Hamas e o Fatah na Palestina e Mubarak controla, com mão-de-ferro, grupos extremistas e fundamentalistas do Islã. Mas o preço é alto, pois os americanos oferecem anualmente cerca de US$ 1,6 bilhão aos egípcios em ajuda militar e técnica, mas, por outro lado, sofrem com o ódio de grande parcela dos grupos fundamentalistas e escolas religiosas islâmicas.      
A relevância econômica do Egito é o controle do canal de Suez, por este importante nó logístico passa uma parcela considerável do petróleo mundial. No último dia do mês de janeiro o barril foi cotado a US$ 100, resultado da instabilidade na região.
Para o mundo essas mudanças são recebidas de modo nebuloso, pois as potências globais viam e vêem nos regimes ditatoriais uma “segurança”, pois os ditadores faziam e fazem uma política pró-ocidente, mas deixavam e deixam a população em péssimas condições socioeconômicas.
As dúvidas e conseqüências são as mais diversas:
·         Quem comandará o processo democrático? A sociedade civil ou grupos religiosos?
·         Como se portarão as grandes potências? Apoiarão a população ou manterão o apoio aos ditadores?
·         Há perigo de uma guerra civil?
As manifestações no Egito já deixaram 160 mortos. Os governos europeus e os EUA manifestaram, de modo tênue, apoio a população e pediram atos comedidos dos manifestantes e das autoridades egípcias. O exército egípcio declarou que não irá usar a força contra o movimento legítimo da população, esse fato é relevante, pois as forças armadas no país dão apoio aos governos desde 1952 e sinalizam certa insatisfação contra Mubarak.   

“Todas as condições para uma revolução islâmica estão presentes no Egito de hoje: disparidades de rendas, conflitos nas elites, opressão religiosa e alienação política. Hosny Mubarak está no poder desde o assassinato de Anwar Sadat, em 1981; seu cargo anterior era de vice-presidente, função que deu um jeito de nunca mais preencher. Sua polícia secreta, a Mukhbarat, está sempre de olho nas cidades superpovoadas e agitadas, enquanto seu governo faz muito pouco para atender às suas necessidades básicas.” (KHANNA, 2008, pág. 263)       

Esse relato de 2008 feito pelo analista político Parag Khanna é exemplar para o entendimento da latente problemática vivida pela população dos países árabes. Atualmente a população ganhou força através dos novos veículos de comunicação e no contato com toda comunidade mundial. Por outro lado os governos, mesmo tentando censurar os novos sistemas pouco podem fazer para conter os novos ares de mudança.