terça-feira, 19 de abril de 2011

Petróleo, a maior indústria do mundo

   Nenhum produto retirado do subsolo tem mais poder que o petróleo. O combustível fóssil, mais procurado do mundo, é hoje motivador de prosperidade econômica, riqueza concentrada, corrupção e terríveis guerras. O poder deste hidrocarboneto é tamanho que revolucionou o mundo, e ainda é a maior fonte energética utilizado pelo planeta. Porém, o fato mais aterrador é que todos os combustíveis fósseis são finitos, e a cada dia são mais utilizados.
    Nenhum analista econômico ou geopolítico imaginava um mundo normal, com o preço do barril (159L) ultrapassando os US$ 100 (US$ 127 em julho de 2008), mas isso ocorreu, e as previsões são as mais pessimistas para o preço até o final do ano. Mesmo nesse valor, o consumo não para de aumentar e as cotações estão mais pressionadas.
    Todo este quadro econômico aterrador é mais caótico, quando se verifica que poucos campos foram incorporados nos últimos tempos, e os últimos mega-campos produtivos foram descobertos entre a década de 40 e 70, sendo que estão muito próximos do declínio produtivo.
    A matriz mundial fortemente baseada nos combustíveis fósseis, perto de 67% (Petróleo, Carvão e Gás), também é responsável por potencializar o Aquecimento Global. Ano a ano os maiores poluidores se afastam do cumprimento do Protocolo de Kyoto, e intensificam mais ainda a degradação do planeta. Vale destacar os acidentes e vazamentos em campos petrolíferos sendo que só no último desastre, na plataforma da BP, forma lançados ao mar 3,3 milhões de barris.
    O Brasil alcançou algo raro em sua matriz energética, mesmo o petróleo sendo o líder na utilização das fontes, a cana e a hidroeletricidade se aproximam do nível de utilização do principal combustível fóssil. A extração do petróleo, também ganhou grande impulso no Brasil. Em 2006 o país alcançou a auto-suficiência, e nos últimos meses grandes jazidas foram encontradas na plataforma continental na camada do pré-sal, elevando expressivamente, as reservas do país. A Petrobras, responsável direta pela cadeia produtiva petroquímica, é, atualmente, a 3º maior companhia de capital aberto das Américas, perdendo apenas para a Exxon Mobil e a GE, ambas americanas.
    O fato de maior relevância do meio petroquímico é ser um dos grandes incentivadores de prejuízos humanos dos últimos tempos. Governos ainda sufocam suas populações com ditaduras, corrupções, e guerras fomentadas pela posse do recurso, sendo a Guerra do Iraque, a maior catástrofe humanitária, na atualidade, justificada pelo “ouro negro”.
  
Histórico. O petróleo foi formado a partir do acúmulo de micros organismos marinhos (fitoplâncton, zooplâncton), sedimentados em mares rasos e quentes. Seu conhecimento é datado desde a antiguidade, pois nessa época o hidrocarboneto poderia ser encontrado em pequenos lagos no oriente médio.
   Ele era utilizado pelos egípcios para embalsamar as múmias, pelos romanos para impermeabilizar as vias de ligação do império, e também para a impermeabilização dos cascos dos navios. Na Idade Média, o óleo era passado em feixes de capim, para serem lançados nos invasores dos castelos e fortificações.
    Porém a utilização em larga escala ocorreu a partir do século XIX, nos EUA.  Em 1859, o maquinista Edwin Drake fez a primeira extração do produto na Pensilvânia. O refino ofereceu combustível para a iluminação pública e transformou a indústria automotiva.
    Já na primeira guerra mundial o petróleo foi decisivo como motivo da guerra, e para a vitória dos aliados contra os alemães. A indústria petroquímica, já fortalecida pelo setor de combustíveis, ganhou impulso na década de 30, pois com a invasão dos japoneses nas áreas produtoras de borracha no sudeste asiático, os governos ocidentais investiram pesadamente, para a produção de borracha sintética, item imprescindível no conflito que viria.
     Entre as décadas de 30 e 60, as empresas e os países ricos ergueram impérios consideráveis, no aproveitamento dos lucros exorbitantes, obtidos nos países pobres. As empresas (7 irmãs) derrubavam e colocavam governos a seu bel prazer, contudo com os nacionalismos exacerbados da década de 60, o mundo energético teve uma nova configuração.
    A Organização dos Países Exportadores de Petróleo, OPEP, composta por um núcleo árabe, formou o mais importante cartel do mundo, e em 1973 elevou os preços do petróleo e nacionalizou as jazidas em posse das multinacionais. O Mundo, após a década de 70, teve uma nova configuração energética, pois outros atores se instalaram no jogo petroquímico, e foi adicionada à disputa, nacionalismos, mais corrupção e chantagens.
    A preocupação com a elevação dos preços promoveu uma busca desenfreada por novos campos, e outras alternativas energéticas. Jazidas no Mar do Norte entraram em operação, o México aumentou sua produção, países da África Ocidental fizeram descobertas, e a URSS passou a abastecer várias áreas do planeta.
   O Brasil criou o Proálcool, para substituir a gasolina pelo combustível vindo da cana-de-açúcar. Nesse momento o país importava 70% de seu consumo, foi nesse cenário que a Petrobras inicia, com sucesso, a extração na plataforma continental.
    A década de 80 foi de super abastecimento, determinando a queda no preço do Barril de petróleo. Com os preços baixíssimos o poder da OPEP diminuiu, e a crise na, claudicante, URSS se intensificou.
   A Guerra do Golfo serviu para dar novo impulso ao preço da commodity energética, pois a partir desta guerra, o mundo deixou de contar com as reservas iraquianas durante 12 anos, essa ausência durou até 2003, após a invasão dos EUA.
    O cenário econômico mundial muda sensivelmente nos anos 2000. A China era autossuficiente até 1993, a partir desta data passa a ser um pesado consumidor mundial, a ela se juntam Índia, Coreia do Sul e muitos países em desenvolvimento.
    Os anos 2000 marcam a elevação substancial do preço do petróleo, no passado as nações produtoras eram forçadas a vender o produto a poucos compradores, e na maioria das vezes quem determinava o preço eram os consumidores. Atualmente, os produtores podem escolher os compradores, e só continuam a vender para os mesmos, pela força bélica, ou até mesmo sofrendo invasão.   
   
A Importância do Recurso. O petróleo é recurso energético mais utilizado no mundo, em razão de suas largas vantagens, em comparação aos outros recursos. O hidrocarboneto viscoso possui um baixo custo de extração, comparado aos outros combustíveis, além de ter o dobro de capacidade energética do carvão mineral, segunda fonte em utilização no mundo.
1.        A flexibilidade do óleo é outro fator atraente, pois com uma alta capacidade energética, a sua facilidade de transporte deu maior liberdade para a atividade produtiva mundial.
2.            Outro fator importantíssimo é a impressionante quantidade de jazidas existentes pelo mundo. Mesmo com o intenso consumo, o planeta ainda possui 1,2 trilhão de barris em reservas, estima-se que a humanidade já gastou metade das reservas existentes. Para os cientistas o ano de 2011 marca o ápice do consumo mundial.
3.         O petróleo não é apenas uma commodity energética, seu conteúdo pode gerar centenas de outros subprodutos através de seu craqueamento. Dentre os mais destacados subprodutos estão: os plásticos, borrachas, insumos agrícolas, combustíveis, tintas e óleos lubrificantes.
    A indústria petroquímica mundial possui 1/6  da economia atual, e agrega as maiores empresas do mundo, sendo a Exxon Mobil a maior empresa do planeta, com ativos valendo em torno de US$ 490 bilhões. Mesmo em países subdesenvolvidos, como o caso do Brasil, as empresas petroquímicas impressionam pela sua grandiosidade. A Petrobras é a sexta maior empresa do mundo, e a terceira do continente americano em ativos, atingindo valor no mercado de US$ 290 bilhões.
     Para a perpetuação destas empresas e setor produtivo, são gastos US$ 238 bilhões para a pesquisa e prospecção de novos reservatórios. As pesquisas na geologia só se desenvolveram, pela “bondade” das empresas energéticas.   
    Com a utilização cada vez mais freqüente e universal do combustível, o petróleo tornou-se imprescindível na matriz mundial. Atualmente o combustível é responsável por 40% das fontes utilizadas, e esse quadro não irá se modificar até 2030.
    A dependência é grandiosa, por todos os setores econômicos se verifica a relevância do hidrocarboneto, ao contrário do Brasil, 96% da frota mundial de automóveis utiliza os derivados de petróleo. Cabe lembrar, que muitos países não possuem outras fontes energéticas, e dependem, em grande parte, do combustível fóssil para a produção de eletricidade e aquecimento.
    Nos últimos anos o crescimento econômico mundial foi vertiginoso, e novos países apareceram no cenário econômico. Todo esse crescimento é diretamente relacionado a capacidade de fornecimento energético, acredita-se que a cada 1% de crescimento no PIB, a necessidade energética aumenta 1,1%.
    Porém o crescimento mundial, no momento, chega a 3% ao ano, mas o incremento energético não alcança 1% a.a. O gasto energético mundial, contando todas as fontes, em 1999 eram 6,7 Mtep (Megatonelada equivalente de petróleo), contudo no ano 2020 a utilização energética subirá para 17 Mtep.
    Quando o consumo de energia é direcionado apenas ao petróleo se constata algo impressionante, pois no ano de 2010 foram utilizados 91 milhões de barris/dia, a projeção para 2030 é de 123 milhões de barris/dia.
   O maior consumidor mundial do produto apresenta características marcantes e preocupantes. Os EUA chegaram a ser o maior produtor e exportador de petróleo na década de 50, porém, a partir do final dos anos 60, passou a grande importador do produto.
   Hoje, os EUA necessitam importar 60% de suas necessidades, chegam a consumir 25% da produção mundial, sendo que ¼ da extração global perfaz 21 milhões de barris/dia. A situação se complica para os americanos, pois o país possui apenas 2% das reservas mundiais de petróleo.
   Na competição do consumo mundial, um país de peso segue os passos dos EUA. A República Popular da China, já é o segundo maior consumidor, queimando 7 milhões de barris/dia. Até 1993 a China sustentou seu crescimento com produção própria, a partir de 2003 o país tornou-se um grande importador mundial do recurso.
  
Reservas.  As reservas mundiais estão concentradas em pontos estratégicos ao redor do mundo. O paradoxal no balanço energético global, é que os maiores consumidores, países desenvolvidos, não possuem reservas significativas em seus subsolos. As maiores reservas estão presentes em países subdesenvolvidos, que, muitas das vezes, apresentam sistemas políticos instáveis e contrafeitos as nações desenvolvidas.
   A região da Terra que mais chama a atenção, por agregar 67% das reservas mundiais, é o Oriente Médio. Nessa parte da Ásia a economia se mistura com intenções étnicas, religiosas e nacionalistas. A presença dos EUA e das potências mundiais é marcante e geradora de conflitos e disputas. O exemplo mais atual é o conflito no Iraque.
   Os 10 países que detém as maiores reservas do mundo são; Arábia Saudita (262 bilhões de barris), Irã (130 bilhões de barris), Iraque (115 bilhões de barris), EAU (100 bilhões de barris), Kuwait (96 bilhões de barris), Venezuela (78 bilhões de barris), Federação Russa (70 bilhões), Líbia (36 bilhões), Nigéria (34 bilhões) e os EUA (30 bilhões de barris).
   O Iraque chama a atenção, pois as reservas comprovadas, concentram-se em 10% do território, restando ainda 90% da área para ser prospectada com maior rigor. Todo esse quadro explica o interesse dos EUA, em derrubar o regime de Saddam Hussein, para trazer “paz e prosperidade” ao povo iraquiano.
   A concentração e o domínio das reservas aumentaram com criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), na década de 60. Esse cartel do petróleo possui núcleo árabe, e misturam interesses econômicos, políticos, religiosos e étnicos nas discussões com os compradores. Os membros são; Arábia Saudita, Catar, EAU, Indonésia, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria e Venezuela. A OPEP representa 40% da produção diária no mundo.
    Para piorar todo o quadro, nenhuma grande reserva foi encontrada desde os anos 80, dos cem mega campos operados atualmente, todos foram descobertos entre as décadas de 40 e 70. As áreas que poderiam ser promissoras na atualidade, África Ocidental, ex. – Repúblicas Soviéticas e o entorno do Ártico, representa 6% das reservas, quantidade insuficiente para aplacar a necessidade crescente.
   
Preço nas alturas. O aumento do preço do barril de petróleo, sempre induziu o mundo a choques e transformações econômicas. As mudanças na década de 70, pelos choques em 73 e 79, serviram de alerta para o mercado mundial, porém a elevação nos anos 2000 possui características nunca visualizadas.
   O mercado energético mundial, até os anos 90, era jogado por poucos compradores (EUA, Europa e Japão), e relativamente muitos vendedores, assim a determinação dos preços e a pressão por uma produção maior era mais fácil para os países desenvolvidos.
   No atual momento, o mercado mundial possui novos e fortíssimos compradores, pois o crescimento mundial fez China e Índia, requererem mais recursos energéticos. Assim os vendedores podem escolher, e aproveitar de uma demanda, nunca antes apresentada.
    Os principais motivos para o barril de petróleo passar de US$ 18 em 1999, para US$ 127 neste mês de maio estão relacionados a esses fatores;
·                     Crescimento da Economia Mundial  = Utilização maior de energia
·                     Dificuldade dos produtores de atender a nova demanda mundial= Países que nunca compraram agora entram no mercado mundial.
·                     Tensões Políticas = Iraque, Nigéria, Venezuela, Arábia Saudita e Rússia.
·                     As refinarias estão com a capacidade no limite = Construção de novas plantas é onerosa e necessita de grande tempo.
·                     Complicações na Logística = O transporte em regiões remotas é complicado e caro até chegar ao consumidor final.
·                     Especulação Financeira = Exagero nas notícias para elevação dos preços e ganhos na bolsa. (Entre o custo de retirada até a venda da gasolina, o preço pode variar até 35 vezes). Os números relacionados ao petróleo, muitas vezes, são contaminados por aspectos políticos e econômicos (reservas, extração e potencialidade).

Brasil. O Brasil teve seu primeiro poço de petróleo perfurado em 1939, no município de Lobato, localizado no recôncavo baiano. O Conselho Nacional de Petróleo criado em 1938 no governo de Getúlio Vargas, apenas regulava e oferecia as concessões às empresas privadas interessadas.
   A onda de nacionalização nos anos 50 foi decisiva para a criação da Petrobras em 1953, e o monopólio da pesquisa, lavra, transporte e refino para o governo durou até 1997, ano em que o governo FHC abriu o mercado para outras empresas privadas. Para regulamentar a atividade petroquímica no Brasil, o governo criou a Agência Nacional de Petróleo (ANP), no mesmo ano.
   O poder econômico, político e tecnológico da Petrobras se ampliam na década de 80, pois com a crise do petróleo, o governo realizou pesados investimentos para a extração do óleo na plataforma continental. Hoje, o país retira 90% de seu consumo das bacias localizadas em alto mar.
   A escritora especialista em história do petróleo, Sonia Shah, assim descreve a importância desta descoberta: “Foi então que, contrariando o conhecimento tradicional, a companhia petrolífera estatal brasileira descobriu uma jazida nas profundezas oceânicas na metade dos anos 80. Uma porção inteira do planeta, os oceanos profundos, que até então eram considerados totalmente desprovidos de petróleo, poderiam estar carregados de óleo cru. Os olhos abriram-se e a indústria decidiu dar mais uma olhada em seu próprio quintal.”
   No ano 2006 a produção brasileira chega a auto – suficiência, porém a necessidade por petróleo mais leve, adaptado as refinarias brasileiras, ainda motiva a importação.
   Descobertas recentes na camada pré-sal (Tupi, Carioca e Júpiter), podem elevar as reservas brasileiras para 60 bilhões de barris, transformando o Brasil em exportador, a partir de 2015. Porém, a extração em grande volume requer tecnologia e esforços de engenharia avançadíssimos que ainda não são encontrados na empresas petrolíferas. O perigo da extração em águas profundas foi constatado no Golfo do México onde um vazamento em uma plataforma da empresa Anglo-Americana BP deixou escapar 3,3 milhões de barris em alto mar.   
   
Conclusão. A dependência mundial pelos recursos fósseis é enorme, e se recrudesce com a entrada de novos atores no comércio global intensificou o consumo e a disputa pelas reservas.
   O ex presidente dos EUA, George W. Bush declarou que os americanos são “viciados” em petróleo. Portanto a geopolítica dos americanos se pauta na necessidade energética extrema de sua economia. O conflito no Iraque é a prova viva do desespero dos líderes estadunidenses para abastecer constantemente o mercado do país.
   A guerra já consumiu dos cofres públicos cerca de US$ 3 trilhões desde 2003, os objetivos de tranqüilidade na compra e de diminuição nos preços não se concretizaram.
    Países que no passado estiveram longe dos interesses petrolíferos, agora enchem nações produtoras com investimentos, sendo o caso mais notável, os pesados investimentos chineses em países da África.
    A importância energética é tamanha, que políticas estadistas estão ressurgindo pelo poder dos “petrodólares”, Rússia, Irã e Venezuela montam estados que contradizem o poder, até então, estabelecido dos países desenvolvidos.
    O petróleo se apresenta como uma praga para a população dos países mais pobres, pois o dinheiro arrecadado com as exportações abastece regimes corruptos, ditatoriais e violentos ao redor do mundo. Toda essa comercialização é conhecida e possui a conivência de governos e empresas dos países ricos.
    O Brasil configura-se como um ator de situação confortável, pois possui reservas que lhe podem garantir dezenas anos de autossuficiência, além de tornar-se um exportador, esses atributos destinam o país a um crescimento econômico sustentável e transformador.
    Outra boa perspectiva para o país é sua diversificada matriz energética, o país detém uma frota de veículos movidos a biocombustível, e 90% de sua eletricidade é provinda dos recursos hídricos.
    A cada dia a energia se torna ponto decisivo para as políticas internacionais, nota-se um acalorado debate sobre os temas energéticos e as potencialidades geopolíticas oferecidas pelos hidrocarbonetos. A desculpa para ações extremas de determinados países é a segurança de suas populações, mas o que se vê é a segurança de alguns países, em detrimento do desenvolvimento de milhões.                      

Redução da Pobreza no Brasil


Os Benefícios da Estabilidade Econômica:

Uma das maiores conquistas, na história moderna do Brasil, foi a estabilidade econômica iniciada em 1994. O controle da inflação, que é aumento desordenado dos preços, ofereceu ao governo, a família e ao indivíduo uma melhor visualização dos gastos e um olhar menos nebuloso do futuro.
Com uma menor inflação, os acontecimentos passados também se apresentam mais límpidos, podendo-se comparar os gastos e investimentos para corrigi-los em tempo hábil. A estabilidade econômica evidencia o roubo e a corrupção dos atores econômicos, principalmente os públicos.
A estabilidade econômica trouxe ao Brasil uma visão real da economia, assim os problemas e possíveis soluções são mais claros. O debate político ficou mais real, pois nenhum político pode se aventurar prometendo o que as finanças públicas não podem cumprir. Com a estabilidade a responsabilidade fiscal dos governos ficou mais transparente para o acompanhamento da população, essa responsabilidade virou lei a partir de 1996.
A conquista foi tão importante que nenhum partido político discute sua validade, a baixa inflação já está incorporada no cotidiano do país, sendo um ponto indiscutível.    

Processo de Redução da Pobreza:
            A pobreza no país vem sendo reduzida desde 1994, atualmente 19% da população brasileira sofre recebendo menos de 300 reais por família. Três ações foram responsáveis pela redução da pobreza nos últimos anos, o controle da inflação, a valorização do salário mínimo e os programas de renda básica.
            O controle da inflação ofereceu uma valorização do real, consequentemente aumentou o poder de compra dos mais pobres, além de melhorar o planejamento das famílias, mesmo com poucos recursos.
            A valorização do salário mínimo aumentou o poder de compra e foi significativo para as regiões mais pobres do país, pois o salário de muitas famílias é pautado pelo mínimo, também muitas famílias recebem os benefícios da aposentadoria paga aos idosos. 
            Os programas assistenciais criados desde o governo FHC e expandidos no governo Lula atingiram populações inalcançáveis por políticas anteriores. Nenhum partido político menciona cessar o programa Bolsa Família, vários países estão copiando o programa brasileiro.
            Apesar da redução os pesquisadores constataram uma desaceleração na velocidade de queda, acredita-se que as três ações anteriores já surtiram o efeito máximo que poderiam alcançar. Somente com investimentos na infraestrutura do país a pobreza seria reduzida ainda mais.

domingo, 3 de abril de 2011

Saúde Pública ... Vergonha persistente

Um novo surto de dengue se espalha em várias cidades brasileiras, os casos se avolumam e os hospitais estão pessimamente preparados para essa epidemia. O mosquito aedes aegypti se propaga em ambientes quentes e úmidos e, especialmente, a aglomeração de pessoas. Essa química é potencializada pelo descaso do governo pelo saneamento básico e do terrível hábito da população em deixar as cidades como lixões.
A questão da dengue aponta para um fato muito mais profundo que a própria doença. Essa doença sazonal faz parte de muitas que assolam o povo brasileiro. A saúde pública atrelada a educação são fatores longe de ser resolvidos pelas autoridades públicas. Neste texto discutiremos a importância da saúde pública e problemas que estão presentes, ainda, em nossa sociedade.
Também apresentaremos a questão do saneamento básico que é um dos itens primordiais para a infraestrutura de um país, o Brasil está muito longe de universalizar esse recurso tão importante.
A Saúde Pública é o principal mecanismo para proteger a população das doenças que podem prejudicar o desenvolvimento social, e a longevidade de uma nação. É notória a diferença do nível de saúde dos países desenvolvidos, comparado com as precárias condições das nações subdesenvolvidas.
As condições de saúde de uma população podem ser captadas através do IDH (Educação, Longevidade e Renda), este índice traça um quadro sombrio para a maior parte da população mundial. O Brasil em 2007 entrou no grupo de países com alto índice, acima de 0,8, porém, essa nova classificação não pode esconder as terríveis condições do sistema de saúde nacional. Os brasileiros ainda estão expostos a doenças que, em outras nações, já foram erradicadas, entre elas; a tuberculose, malária, pneumonia, cólera, febre amarela, dengue, leptospirose, entre outras.
Um dos principais aliados da saúde pública é a Educação, o Brasil já possui em seu ensino fundamental, mais de 96% das crianças entre 7 a 14 anos, além de reduzir o analfabetismo para 10% do total da população. Esses números são importantes, entretanto, ainda falta o aprimoramento da qualidade para a melhora do sistema educacional, e fazer com que a educação seja um importante aliado para as políticas de saúde pública.
Com a educação estendida para toda a população, as ações públicas se tornam mais eficazes, e duradouras.
A saúde pública foi definida por Moacyr Scliar como: “esforço organizado da comunidade, por intermédio do governo ou de instituições, para promover, proteger e recuperar a saúde das pessoas e da população, por meio de ações individuais e coletivas, estas podendo ser; o saneamento básico, a prestação de serviços e a vacinação”.
Nesta aula serão apresentadas questões da saúde pública que atualmente chamam atenção da sociedade. O saneamento básico é um dos itens primordiais para a infraestrutura de um país, o Brasil está, ainda, muito longe de universalizar esse recurso tão importante.

O Básico do básico. O saneamento básico engloba; a distribuição de água tratada, o esgoto e a coleta de lixo. No Brasil 90% dos lares possui água tratada, porém, o esgoto é o ponto crítico nacional, pois apenas 53% das casas possuem coleta dos resíduos, e somente 20% deste esgoto é tratado. Todos esses serviços são importantíssimos para prevenir doenças, e diminuir gastos no sistema público de saúde.
            Dados conservadores apontam que a cada R$ 1 gasto em métodos preventivos (saneamento e educação), se economiza por volta de R$ 7 em remédios e terapias convencionais. Economistas salientam que o saneamento universal é responsável pelo desenvolvimento de uma mão-de-obra saudável, possibilitando diminuir os gastos públicos em tratamentos onerosos.
            As regiões mais carentes de saneamento, Nordeste Norte, são as que possuem as maiores taxas de mortalidade infantil, e de doenças promovidas por agentes infecto-contagiosos (diarréia, cólera, hepatite, esquistossomose e dengue)     
O governo Lula, a partir de 2007, instituiu o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, neste programa o saneamento deverá receber R$ 40 bilhões até o final de 2010. Porém, o discurso é uma coisa, e a realidade é outra.
O saneamento é um dos instrumentos mais eficazes para a justiça social, pois com um ambiente salutar a população possui condições adequadas para o desenvolvimento socioeconômico, além, de reduzir os gastos com a saúde familiar e pessoal.

O mosquito do subdesenvolvimento.  Mistura de descaso do governo e da péssima educação da população faz do território brasileiro um criadouro de mosquitos aedes aegypti, este pequeno inseto é o vetor do vírus responsável pela dengue.
            No ano passado a dengue se manifestou em 250 mil pessoas, neste ano a doença já atacou 155 mil pessoas com 52 mortes. O número de mortos parece estar distante das vidas perdidas em estradas e na violência urbana, mas seriam desastrosos para um país sério e educado.
            A primeira epidemia de dengue identificada no país foi em Salvador -BA em 1872, a epidemia ceifou a vida de 2 mil pessoas. Em 1967 as autoridades públicas consideraram que o mosquito estava erradicado do território brasileiro, mas na década de 80 a doença retornou em várias regiões do país. O recorde de casos ocorreu em 1998 com 505 mil casos em todo o país, mas o ano que mais matou após anos os anos 80 foi em 2007 com 158 vítimas fatais.
            Há 4 tipos dengue, todas possuem as mesmas manifestações e formas de tratamento, a forma mais perigosa é quando a vítima é acometida pela segunda vez ou quando um dos tipos virais é novo na região de proliferação, nestes casos as pessoas não possuem anticorpos para detê-los.
            Os estados que mais preocupam a vigilância sanitária são o AC, AM, PR e o Rio de Janeiro. No RJ, somente esse ano, já estão anotados 15 mil casos e 8 mortos, em relação ao ano passado foram 3317 casos. O Amazonas já contabiliza 20 mil casos com 10 mortos. O estado de São Paulo teve uma regressão dos casos relacionados ao ano passado, em 2010 foram 46 mil casos, neste ano 3400 pessoas manifestaram a doença.
            O mosquito se desenvolve em água parada em ambientes quentes, para se notar a rapidez da procriação uma tampinha de refrigerante pode ser um eficaz criadouro. Lixões comandados pelas entidades públicas são fortes propagadores dos mosquitos, mas a população possui uma enorme responsabilidade, pois ainda se verifica o péssimo hábito de jogar lixo em qualquer área vazia ou manter dentro de casa objetos que são potenciais criadouros. A eliminação de pneus, vasilhames, pires e pratos sob vasos e de extrema urgência.                 


Se beber não dirija. Várias questões na saúde pública são arbitradas diretamente pela legislação nacional. O aborto, a legalidade ou ilegalidade das drogas e a propaganda de bebidas alcoólicas, estão sempre no centro das discussões. A lei seca, instituída no mês de julho de 2008, trouxe um forte impacto para o dia-a-dia das pessoas, e também influenciou o setor de bebidas.
            O poder público é o responsável por zelar pelo bem-estar de seus cidadãos, as leis restritivas são impostas para minimizar possíveis problemas, e abusos cometidos por pessoas irresponsáveis, que podem colocar em perigo a vida dos demais. Deste modo o Estado se responsabiliza por colocar parâmetros, para criar um ambiente mais salutar, e também reduzir os gastos com os problemas evitados.
            A violência no trânsito é responsável pela morte de mais de 30 mil brasileiros ao ano. O aumento da venda de automóveis e as estradas em péssima situação são fatores que induzem esse trágico número, porém, a imprudência dos motoristas aliada a embriaguez são apontadas como o principal fator dos acidentes.  
            A Lei Seca foi introduzida para minorar a catastrófica situação brasileira, ela se pauta na elevação das multas para o motorista embriagado (R$ 960), e no endurecimento das leis, com o objetivo de conter os acidentes.
            O tempo para se avaliar os resultados da nova legislação é pequeno, mas os aspectos positivos são impressionantes. Comparando o ano de 2008 com 2007, o governo deixou de gastar R$ 50 milhões no atendimento as possíveis vítimas. Cada morte nas estradas representa um gasto de R$ 470 mil para o erário público, um acidente sem vítima fatal pode despender até R$ 80 mil do orçamento governamental.
            Os atendimentos nos hospitais estaduais de São Paulo foram reduzidos pela metade, desde que a lei começou a vigorar.

Fumaça da morte. O tabagismo em âmbito mundial já é tratado como um grande inimigo da saúde pública. Desde 2000, leis restritivas para a publicidade do cigarro estão presentes na maioria dos países. A elevação de impostos para o tabaco e seus derivados é uma medida cada vez mais utilizada para inibir o consumo.
            O governo dos EUA gasta quase US$ 70 bilhões no tratamento de doenças relacionadas ao fumo, enquanto recebe da poderosa indústria tabagista cerca de US$ 46 bilhões em impostos.
            Os fumantes no mundo chegam a 1,3 bilhão de pessoas, sendo que apenas 5 milhões de pessoas vencem o vício ao ano. As mortes causadas pelo fumo podem chegar a 10 milhões em 2030, sendo que 70%  das vítimas estarão no mundo em desenvolvimento.
             No Brasil o tabagismo é preocupante, pois se acredita que 17% da população é usuária do cigarro. Essa porcentagem tende a reduzir, pois nos últimos anos ocorreu um decréscimo de fumantes, só no Estado do Rio de Janeiro 19% da população é fumante, sendo que este número era de 30% em 1989.
            Ao inalar a fumaça do cigarro, mais de 4,7 mil substâncias venenosas entram no aparelho respiratório, estudos recentes indicam que mesmo os “fumantes passivos”, são afetados severamente pela fumaça dos fumantes ativos.
            A legislação brasileira, desde 2003, proíbe a propaganda de cigarro, o patrocínio de qualquer atividade social, e ainda aumentou a advertência na carteira de cigarros, atualmente é expressamente proibido o uso em escolas e centro educativos.  Mas o preço do cigarro no Brasil é um dos mais baratos no mundo, sendo que um maço em Londres pode custar £ 7, devido aos altos impostos cobrados sobre a cadeia produtiva.
            O governador de São Paulo no ano de 2008 enviou para a Assembléia Legislativa, a proposta de proibir o fumo em ambientes coletivos fechados, até mesmo em fumódromos. A lei foi aprovada por unanimidade, desde 2008 só permitido fumar ao ar livre e dentro de casa.
            O governo se apoiou em um estudo feito pela Secretaria de Saúde, que indicou um gasto de R$ 92 milhões para tratar das doenças relacionadas ao fumo (Câncer no pulmão, laringe e esôfago).
             Nos países desenvolvidos, leis restringem o fumo até mesmo em praças e nas ruas, a redução de fumantes foi significativa na maior parte dos países que instituíram as leis anti-fumo.
            O cigarro pode encadear muitos males para fumantes e não fumantes, tais como; Infarto, câncer, depressão, pressão alta, enfisema, bronquite, úlcera, gastrite, impotência e envelhecimento precoce da pele.                             

Saneamento Básico: é a atividade relacionada com o abastecimento de água potável, o manejo de água pluvial, a coleta e tratamento de esgoto, a limpeza urbana, o manejo do resíduos sólidos e o controle de pragas e qualquer tipo de agente patogênico, visando a saúde das comunidades. Trata-se de uma especialidade estudada nos cursos de Engenharia Sanitária, de Engenharia Ambiental e de Tecnologia em Saneamento Ambiental. (Fonte: wikipedia/brasil)
            No dia 19 de agosto o IBGE lançou o mais recente estudo sobre as condições do saneamento básico no Brasil, ano base do estudo foi 2008. Através dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar os técnicos do IBGE fizeram a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico conjuntamente com o Ministério das Cidades. Neste estudo verificou-se uma melhora nas condições do Saneamento Basico do país, entretanto a melhora foi pouco significativa quando se visualiza as necessidades emergentes do país.



            Os principais indicadores são:

·         44,8% dos municípios brasileiros não eram servidos com rede de esgoto em 2008, o sul era a região com maior número de municípios sem a rede de saneamento.
·          Em São Paulo a Rede de esgoto chega a 99,8% das cidades, no Piauí apenas 4,5%.
·         31% do esgoto do Brasil não passou por nenhum tipo de tratamento.
·         O saneamento chega a 52,2% das cidades, coleta de lixo 100%, luz 97% e água encanada 99,4% dos lares brasileiro.
·         34 milhões de pessoas (18% da população nacional) vivem em cidades que não havia nenhum tipo de coleta de esgoto (44% no Nordeste).
·         29% dos municípios possuem tratamento de esgoto (São Paulo 78%).
·         50% das cidades despejam resíduos sólidos em vazadouros a céu aberto – famoso lixão, 27,7% dos municípios da Brasil dão destino correto ao lixo.

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domingo, 27 de março de 2011

Parabéns Mercosul

            No dia 26 de março o Mercosul completou 20 anos. O Tratado de Assunção assinado em 1991 entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai ratificou o sonho de um Conesul mais unido nos aspectos socioeconômicos. Após 20 anos, como em todos relacionamentos, foram situações de desgaste, mas com significativos progressos.  
            O Mercosul faz parte de uma tendência econômica iniciada nos anos 90. Logo após o colapso da URSS, líder do mundo socialista, o capitalismo tornou-se um sistema hegemônico. Poucos países continuaram socialistas, mas mesmo tendo um regime de forte controle estatal abriram seus mercados para regalarem-se com os dólares do mercado mundial.
            Com o mercado sem barreiras ideológicas, que impediam as transações econômicas, os países e empresas sentiram o grande potencial do mercado global. Mas outros tipos de barreiras se impuseram para guarnecerem os interesses de cada país. O protecionismo de várias formas ascendeu violentamente e o sonho de um mercado livre virou um pesadelo para a Organização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1995.
             Com o intuito de aproveitar uma extensão maior de comércio e um incremento no mercado consumidor uma alternativa foi encontrada, os Blocos Econômicos.Os mercados regionais receberam forte apoio de países que queriam maior abertura, mas tinham medo de uma forte concorrência global. Assim muitas áreas efetivaram blocos econômicos.
            A regionalização é um processo antigo e conhecido desde o renascimento comercial na Europa. A própria Europa saiu na frente com a criação do Mercado Comum Europeu em 1957 e depois em 1991 com União Européia.
            Outros blocos foram formados pelo mundo, são exemplos; NAFTA (EUA, Canadá e México), Pacto Andino (Países dos Andes), MCCA, CAFTA e CARICOM (América Central), APEC (Países da bacia do Pacífico), União Africana e ASEAN (Países do Sudeste Asiático)
            Como não poderiam ficar para trás em 1991 os países do Conesul firmaram um acordo para a criação do Mercado Comum do Sul, Mercosul.
            Muitas foram as tentativas de reunir toda América da Latina num grupo mais coeso e tentar um desenvolvimento sem depender das grandes potências, mas todas ações foram ineficazes em razão da grande dependência para com os mais ricos.
            O Mercosul continua a padecer dos mesmos problemas dos velhos sonhos. Mas avanços foram conquistados e novos problemas postos. Os distúrbios são normais e existem em todos os blocos. Para a evolução do agrupamento a boa vontade, o equilíbrio e a estabilidade são necessários para um desenvolvimento promissor.

Diferenças dos Acordos Comerciais
·         Acordo de Livre Comércio = As tarifas entre os membros são zeradas, mas acordos com outros países podem ser feitos. Ex.: NAFTA
·         União Aduaneira = Além da ALC os países colocam uma Tarifa Externa Comum (TEC) para transações com outros Blocos. Ex.: Mercosul
·         ME
·         Mercado Comum = ALC + TEC e quatro grandes liberdades (serviços, produtos, capital e pessoas)
·         União Total = É um acordo que contém a ALC + TEC + quatro liberdades e uniões de caráter migratório, civil, trabalhista, criminal e de toda estrutura econômica, chegando à união monetária. Ex.: União Européia

Histórico    O Mercosul nasceu das aproximações entre Brasil e Argentina na década de 80. Após as rixas nas ditaduras dos governos militares dos dois países, os governos civis iniciaram acordos de aproximação. Raul Alfonsin e José Sarney efetivaram tratados bilaterais e deram rumo ao acordo que iria ser ratificado em 1991 no Paraguai. Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai assinaram o Tratado de Assunção dando início ao Mercosul.
            A União Aduaneira foi acertada desde o início, mas foi implantada em 1994 com o acordo de Ouro Preto. A TEC até hoje não foi universalizada no bloco, por problemas de inadequação dos setores produtivos. Nos diversos países cada grupo produtivo tem uma pauta e cronograma para a vigência da TEC.
            Em 1996 Chile e Bolívia entraram como membros associados, não aderindo a TEC. No ano de 2004 foi a vez de Colômbia, Equador e Peru entrarem como membros associados.
            Os benefícios do bloco são inegáveis, em 1991 os valores das relações entre os países do bloco eram de US$ 5 bilhões, em 1998 foi de US$ 25 bilhões e finalmente em 2010 chegou a US$ 48 bilhões.
            Um passo significativo foi dado em agosto de 2006 com o pedido de entrada da Venezuela como membro. O país de Hugo César Chavez é o 5º maior exportador de petróleo, mas o que chama atenção é sua política estatizante e seu discurso contra os EUA. A entrada da Venezuela dá notabilidade política e possíveis acordos de segurança energética, mas ainda é obscuro se a sua política bolivariana não trará sérios problemas para o Bloco, inclusive de caráter democrático.
            Os parlamentos de Brasil, Argentina e Uruguai já deram o aval a entrada da Venezuela, mas os paraguaios barraram a votação, pois não concordam com a postura de Chavez.

Números do Bloco
  • Brasil       PIB = US$ 1,7 trilhão
                                 População = 191 milhões
                                 IDH = 0,792

  • Argentina PIB = US$ 309 bilhões
                                  População = 37 milhões
                                  IDH = 0,86

  • Venezuela PIB = US$ 326 bilhões
                    População = 29 milhões
                                  IDH = 0,78
                                  (em processo de adesão)

  • Paraguai   PIB = US$ 15 bilhões
                          População = 6,5 milhões
                          IDH = 0,757

  • Uruguai   PIB = US$ 36 bilhões
                         População = 3,5 milhões
                          IDH = 0,851

Principais características
·         Exportações do bloco em 2010 somaram US$ 280 bilhões, intrazona foi de US$ 48 bilhões.
·         Crescimento do PIB dos membros foi de 8% em média.
·         Influências: Transnacionalização de empresas, desenvolvimento do agronegócio e indústria.
·         Acordos comerciais com Israel, África do Sul e Índia.
·         Apoio incondicional a Democracia.
·         270 empresas brasileiras estão produzindo e prestando serviços na Argentina, driblando as barreiras impostas pelo governo argentino.
·         4º maior Bloco do mundo
  
Frustrações      
  • Aumento das barreiras protecionistas por parte da Argentina, impedindo a invasão de produtos brasileiros no mercado platino.
  • Como Paraguai e Uruguai possuem uma frágil industrialização são dadas a eles regalias para importação de maquinário e produtos, porém nos últimos anos o Brasil vem apresentando robusto crescimento e auxiliando as vendas desses dois países.
Conclusão 
Os mesmos problemas que a América Latina sempre enfrentou para a integração do continente, hoje, o Mercosul também enfrenta.
            A infraestrutura é baixíssima e inviabiliza a integração destes países. A fragilidade econômica é aparente e os países anualmente sofrem desequilíbrios de crescimento com ações loucas para a salvação de suas desequilibradas economias.
             Outro ponto de forte discórdia é o crescimento das esquerdas latino-americanas financiadas por Chavez. Os programas de estatizações e nacionalizações por que passam Venezuela e Bolívia assustam o mercado financeiro mundial e podem contaminar as economias que optaram por outro caminho.
            O conflito entre os parceiros menores com os maiores pode fragilizar o Mercosul. Paraguai e Uruguai acenam à possibilidade de fazerem acordos mais promissores com os EUA. Na última semana o presidente Lula visitou seu companheiro Tabaré Vasquez, presidente do Uruguai para propor uma série de medidas. A aproximação destes países com a potência do norte pode trazer sérias conseqüências para a manutenção do bloco.
            O Mercosul foi um grande avanço econômico para Brasil e Argentina, toda menção negativa ao bloco deve ser olhada com ressalva, pois a reunião destes países nunca foi tão intensa e positiva.
            A entrada de novos membros é bem-vinda e extremamente positiva, o fortalecimento da regionalização com a entrada da Venezuela é notável, especialmente pela potencial energético que representa. Mas os discursos e ações extremistas feitas por Chavez e seus parceiros podem atrapalhar o comércio com áreas de importância estratégica para o Mercosul que são Europa e EUA.
            O governo brasileiro deve tomar uma posição de equilíbrio no direcionamento econômico da nação. O país sofreu com a nacionalização do gás boliviano e não pode sofrer com os discursos pirotécnicos dos vizinhos. A economia brasileira está dando os primeiros passos na internacionalização e estabilidade econômica.
            O tipo de política esquerdista feita na Venezuela, Bolívia, Equador e até a Argentina, que está em ano eleitoral, não serve de modo algum para os interesses do Brasil, além dessa política afetar em muito a já debilitada democracia desses países. 
            A economia da única nação que fala o português no continente necessita muito de seus vizinhos, mas o Brasil não pode perder a oportunidade de manter e aumentar suas relações com países e blocos mais desenvolvidos.