terça-feira, 19 de abril de 2011

Petróleo, a maior indústria do mundo

   Nenhum produto retirado do subsolo tem mais poder que o petróleo. O combustível fóssil, mais procurado do mundo, é hoje motivador de prosperidade econômica, riqueza concentrada, corrupção e terríveis guerras. O poder deste hidrocarboneto é tamanho que revolucionou o mundo, e ainda é a maior fonte energética utilizado pelo planeta. Porém, o fato mais aterrador é que todos os combustíveis fósseis são finitos, e a cada dia são mais utilizados.
    Nenhum analista econômico ou geopolítico imaginava um mundo normal, com o preço do barril (159L) ultrapassando os US$ 100 (US$ 127 em julho de 2008), mas isso ocorreu, e as previsões são as mais pessimistas para o preço até o final do ano. Mesmo nesse valor, o consumo não para de aumentar e as cotações estão mais pressionadas.
    Todo este quadro econômico aterrador é mais caótico, quando se verifica que poucos campos foram incorporados nos últimos tempos, e os últimos mega-campos produtivos foram descobertos entre a década de 40 e 70, sendo que estão muito próximos do declínio produtivo.
    A matriz mundial fortemente baseada nos combustíveis fósseis, perto de 67% (Petróleo, Carvão e Gás), também é responsável por potencializar o Aquecimento Global. Ano a ano os maiores poluidores se afastam do cumprimento do Protocolo de Kyoto, e intensificam mais ainda a degradação do planeta. Vale destacar os acidentes e vazamentos em campos petrolíferos sendo que só no último desastre, na plataforma da BP, forma lançados ao mar 3,3 milhões de barris.
    O Brasil alcançou algo raro em sua matriz energética, mesmo o petróleo sendo o líder na utilização das fontes, a cana e a hidroeletricidade se aproximam do nível de utilização do principal combustível fóssil. A extração do petróleo, também ganhou grande impulso no Brasil. Em 2006 o país alcançou a auto-suficiência, e nos últimos meses grandes jazidas foram encontradas na plataforma continental na camada do pré-sal, elevando expressivamente, as reservas do país. A Petrobras, responsável direta pela cadeia produtiva petroquímica, é, atualmente, a 3º maior companhia de capital aberto das Américas, perdendo apenas para a Exxon Mobil e a GE, ambas americanas.
    O fato de maior relevância do meio petroquímico é ser um dos grandes incentivadores de prejuízos humanos dos últimos tempos. Governos ainda sufocam suas populações com ditaduras, corrupções, e guerras fomentadas pela posse do recurso, sendo a Guerra do Iraque, a maior catástrofe humanitária, na atualidade, justificada pelo “ouro negro”.
  
Histórico. O petróleo foi formado a partir do acúmulo de micros organismos marinhos (fitoplâncton, zooplâncton), sedimentados em mares rasos e quentes. Seu conhecimento é datado desde a antiguidade, pois nessa época o hidrocarboneto poderia ser encontrado em pequenos lagos no oriente médio.
   Ele era utilizado pelos egípcios para embalsamar as múmias, pelos romanos para impermeabilizar as vias de ligação do império, e também para a impermeabilização dos cascos dos navios. Na Idade Média, o óleo era passado em feixes de capim, para serem lançados nos invasores dos castelos e fortificações.
    Porém a utilização em larga escala ocorreu a partir do século XIX, nos EUA.  Em 1859, o maquinista Edwin Drake fez a primeira extração do produto na Pensilvânia. O refino ofereceu combustível para a iluminação pública e transformou a indústria automotiva.
    Já na primeira guerra mundial o petróleo foi decisivo como motivo da guerra, e para a vitória dos aliados contra os alemães. A indústria petroquímica, já fortalecida pelo setor de combustíveis, ganhou impulso na década de 30, pois com a invasão dos japoneses nas áreas produtoras de borracha no sudeste asiático, os governos ocidentais investiram pesadamente, para a produção de borracha sintética, item imprescindível no conflito que viria.
     Entre as décadas de 30 e 60, as empresas e os países ricos ergueram impérios consideráveis, no aproveitamento dos lucros exorbitantes, obtidos nos países pobres. As empresas (7 irmãs) derrubavam e colocavam governos a seu bel prazer, contudo com os nacionalismos exacerbados da década de 60, o mundo energético teve uma nova configuração.
    A Organização dos Países Exportadores de Petróleo, OPEP, composta por um núcleo árabe, formou o mais importante cartel do mundo, e em 1973 elevou os preços do petróleo e nacionalizou as jazidas em posse das multinacionais. O Mundo, após a década de 70, teve uma nova configuração energética, pois outros atores se instalaram no jogo petroquímico, e foi adicionada à disputa, nacionalismos, mais corrupção e chantagens.
    A preocupação com a elevação dos preços promoveu uma busca desenfreada por novos campos, e outras alternativas energéticas. Jazidas no Mar do Norte entraram em operação, o México aumentou sua produção, países da África Ocidental fizeram descobertas, e a URSS passou a abastecer várias áreas do planeta.
   O Brasil criou o Proálcool, para substituir a gasolina pelo combustível vindo da cana-de-açúcar. Nesse momento o país importava 70% de seu consumo, foi nesse cenário que a Petrobras inicia, com sucesso, a extração na plataforma continental.
    A década de 80 foi de super abastecimento, determinando a queda no preço do Barril de petróleo. Com os preços baixíssimos o poder da OPEP diminuiu, e a crise na, claudicante, URSS se intensificou.
   A Guerra do Golfo serviu para dar novo impulso ao preço da commodity energética, pois a partir desta guerra, o mundo deixou de contar com as reservas iraquianas durante 12 anos, essa ausência durou até 2003, após a invasão dos EUA.
    O cenário econômico mundial muda sensivelmente nos anos 2000. A China era autossuficiente até 1993, a partir desta data passa a ser um pesado consumidor mundial, a ela se juntam Índia, Coreia do Sul e muitos países em desenvolvimento.
    Os anos 2000 marcam a elevação substancial do preço do petróleo, no passado as nações produtoras eram forçadas a vender o produto a poucos compradores, e na maioria das vezes quem determinava o preço eram os consumidores. Atualmente, os produtores podem escolher os compradores, e só continuam a vender para os mesmos, pela força bélica, ou até mesmo sofrendo invasão.   
   
A Importância do Recurso. O petróleo é recurso energético mais utilizado no mundo, em razão de suas largas vantagens, em comparação aos outros recursos. O hidrocarboneto viscoso possui um baixo custo de extração, comparado aos outros combustíveis, além de ter o dobro de capacidade energética do carvão mineral, segunda fonte em utilização no mundo.
1.        A flexibilidade do óleo é outro fator atraente, pois com uma alta capacidade energética, a sua facilidade de transporte deu maior liberdade para a atividade produtiva mundial.
2.            Outro fator importantíssimo é a impressionante quantidade de jazidas existentes pelo mundo. Mesmo com o intenso consumo, o planeta ainda possui 1,2 trilhão de barris em reservas, estima-se que a humanidade já gastou metade das reservas existentes. Para os cientistas o ano de 2011 marca o ápice do consumo mundial.
3.         O petróleo não é apenas uma commodity energética, seu conteúdo pode gerar centenas de outros subprodutos através de seu craqueamento. Dentre os mais destacados subprodutos estão: os plásticos, borrachas, insumos agrícolas, combustíveis, tintas e óleos lubrificantes.
    A indústria petroquímica mundial possui 1/6  da economia atual, e agrega as maiores empresas do mundo, sendo a Exxon Mobil a maior empresa do planeta, com ativos valendo em torno de US$ 490 bilhões. Mesmo em países subdesenvolvidos, como o caso do Brasil, as empresas petroquímicas impressionam pela sua grandiosidade. A Petrobras é a sexta maior empresa do mundo, e a terceira do continente americano em ativos, atingindo valor no mercado de US$ 290 bilhões.
     Para a perpetuação destas empresas e setor produtivo, são gastos US$ 238 bilhões para a pesquisa e prospecção de novos reservatórios. As pesquisas na geologia só se desenvolveram, pela “bondade” das empresas energéticas.   
    Com a utilização cada vez mais freqüente e universal do combustível, o petróleo tornou-se imprescindível na matriz mundial. Atualmente o combustível é responsável por 40% das fontes utilizadas, e esse quadro não irá se modificar até 2030.
    A dependência é grandiosa, por todos os setores econômicos se verifica a relevância do hidrocarboneto, ao contrário do Brasil, 96% da frota mundial de automóveis utiliza os derivados de petróleo. Cabe lembrar, que muitos países não possuem outras fontes energéticas, e dependem, em grande parte, do combustível fóssil para a produção de eletricidade e aquecimento.
    Nos últimos anos o crescimento econômico mundial foi vertiginoso, e novos países apareceram no cenário econômico. Todo esse crescimento é diretamente relacionado a capacidade de fornecimento energético, acredita-se que a cada 1% de crescimento no PIB, a necessidade energética aumenta 1,1%.
    Porém o crescimento mundial, no momento, chega a 3% ao ano, mas o incremento energético não alcança 1% a.a. O gasto energético mundial, contando todas as fontes, em 1999 eram 6,7 Mtep (Megatonelada equivalente de petróleo), contudo no ano 2020 a utilização energética subirá para 17 Mtep.
    Quando o consumo de energia é direcionado apenas ao petróleo se constata algo impressionante, pois no ano de 2010 foram utilizados 91 milhões de barris/dia, a projeção para 2030 é de 123 milhões de barris/dia.
   O maior consumidor mundial do produto apresenta características marcantes e preocupantes. Os EUA chegaram a ser o maior produtor e exportador de petróleo na década de 50, porém, a partir do final dos anos 60, passou a grande importador do produto.
   Hoje, os EUA necessitam importar 60% de suas necessidades, chegam a consumir 25% da produção mundial, sendo que ¼ da extração global perfaz 21 milhões de barris/dia. A situação se complica para os americanos, pois o país possui apenas 2% das reservas mundiais de petróleo.
   Na competição do consumo mundial, um país de peso segue os passos dos EUA. A República Popular da China, já é o segundo maior consumidor, queimando 7 milhões de barris/dia. Até 1993 a China sustentou seu crescimento com produção própria, a partir de 2003 o país tornou-se um grande importador mundial do recurso.
  
Reservas.  As reservas mundiais estão concentradas em pontos estratégicos ao redor do mundo. O paradoxal no balanço energético global, é que os maiores consumidores, países desenvolvidos, não possuem reservas significativas em seus subsolos. As maiores reservas estão presentes em países subdesenvolvidos, que, muitas das vezes, apresentam sistemas políticos instáveis e contrafeitos as nações desenvolvidas.
   A região da Terra que mais chama a atenção, por agregar 67% das reservas mundiais, é o Oriente Médio. Nessa parte da Ásia a economia se mistura com intenções étnicas, religiosas e nacionalistas. A presença dos EUA e das potências mundiais é marcante e geradora de conflitos e disputas. O exemplo mais atual é o conflito no Iraque.
   Os 10 países que detém as maiores reservas do mundo são; Arábia Saudita (262 bilhões de barris), Irã (130 bilhões de barris), Iraque (115 bilhões de barris), EAU (100 bilhões de barris), Kuwait (96 bilhões de barris), Venezuela (78 bilhões de barris), Federação Russa (70 bilhões), Líbia (36 bilhões), Nigéria (34 bilhões) e os EUA (30 bilhões de barris).
   O Iraque chama a atenção, pois as reservas comprovadas, concentram-se em 10% do território, restando ainda 90% da área para ser prospectada com maior rigor. Todo esse quadro explica o interesse dos EUA, em derrubar o regime de Saddam Hussein, para trazer “paz e prosperidade” ao povo iraquiano.
   A concentração e o domínio das reservas aumentaram com criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), na década de 60. Esse cartel do petróleo possui núcleo árabe, e misturam interesses econômicos, políticos, religiosos e étnicos nas discussões com os compradores. Os membros são; Arábia Saudita, Catar, EAU, Indonésia, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria e Venezuela. A OPEP representa 40% da produção diária no mundo.
    Para piorar todo o quadro, nenhuma grande reserva foi encontrada desde os anos 80, dos cem mega campos operados atualmente, todos foram descobertos entre as décadas de 40 e 70. As áreas que poderiam ser promissoras na atualidade, África Ocidental, ex. – Repúblicas Soviéticas e o entorno do Ártico, representa 6% das reservas, quantidade insuficiente para aplacar a necessidade crescente.
   
Preço nas alturas. O aumento do preço do barril de petróleo, sempre induziu o mundo a choques e transformações econômicas. As mudanças na década de 70, pelos choques em 73 e 79, serviram de alerta para o mercado mundial, porém a elevação nos anos 2000 possui características nunca visualizadas.
   O mercado energético mundial, até os anos 90, era jogado por poucos compradores (EUA, Europa e Japão), e relativamente muitos vendedores, assim a determinação dos preços e a pressão por uma produção maior era mais fácil para os países desenvolvidos.
   No atual momento, o mercado mundial possui novos e fortíssimos compradores, pois o crescimento mundial fez China e Índia, requererem mais recursos energéticos. Assim os vendedores podem escolher, e aproveitar de uma demanda, nunca antes apresentada.
    Os principais motivos para o barril de petróleo passar de US$ 18 em 1999, para US$ 127 neste mês de maio estão relacionados a esses fatores;
·                     Crescimento da Economia Mundial  = Utilização maior de energia
·                     Dificuldade dos produtores de atender a nova demanda mundial= Países que nunca compraram agora entram no mercado mundial.
·                     Tensões Políticas = Iraque, Nigéria, Venezuela, Arábia Saudita e Rússia.
·                     As refinarias estão com a capacidade no limite = Construção de novas plantas é onerosa e necessita de grande tempo.
·                     Complicações na Logística = O transporte em regiões remotas é complicado e caro até chegar ao consumidor final.
·                     Especulação Financeira = Exagero nas notícias para elevação dos preços e ganhos na bolsa. (Entre o custo de retirada até a venda da gasolina, o preço pode variar até 35 vezes). Os números relacionados ao petróleo, muitas vezes, são contaminados por aspectos políticos e econômicos (reservas, extração e potencialidade).

Brasil. O Brasil teve seu primeiro poço de petróleo perfurado em 1939, no município de Lobato, localizado no recôncavo baiano. O Conselho Nacional de Petróleo criado em 1938 no governo de Getúlio Vargas, apenas regulava e oferecia as concessões às empresas privadas interessadas.
   A onda de nacionalização nos anos 50 foi decisiva para a criação da Petrobras em 1953, e o monopólio da pesquisa, lavra, transporte e refino para o governo durou até 1997, ano em que o governo FHC abriu o mercado para outras empresas privadas. Para regulamentar a atividade petroquímica no Brasil, o governo criou a Agência Nacional de Petróleo (ANP), no mesmo ano.
   O poder econômico, político e tecnológico da Petrobras se ampliam na década de 80, pois com a crise do petróleo, o governo realizou pesados investimentos para a extração do óleo na plataforma continental. Hoje, o país retira 90% de seu consumo das bacias localizadas em alto mar.
   A escritora especialista em história do petróleo, Sonia Shah, assim descreve a importância desta descoberta: “Foi então que, contrariando o conhecimento tradicional, a companhia petrolífera estatal brasileira descobriu uma jazida nas profundezas oceânicas na metade dos anos 80. Uma porção inteira do planeta, os oceanos profundos, que até então eram considerados totalmente desprovidos de petróleo, poderiam estar carregados de óleo cru. Os olhos abriram-se e a indústria decidiu dar mais uma olhada em seu próprio quintal.”
   No ano 2006 a produção brasileira chega a auto – suficiência, porém a necessidade por petróleo mais leve, adaptado as refinarias brasileiras, ainda motiva a importação.
   Descobertas recentes na camada pré-sal (Tupi, Carioca e Júpiter), podem elevar as reservas brasileiras para 60 bilhões de barris, transformando o Brasil em exportador, a partir de 2015. Porém, a extração em grande volume requer tecnologia e esforços de engenharia avançadíssimos que ainda não são encontrados na empresas petrolíferas. O perigo da extração em águas profundas foi constatado no Golfo do México onde um vazamento em uma plataforma da empresa Anglo-Americana BP deixou escapar 3,3 milhões de barris em alto mar.   
   
Conclusão. A dependência mundial pelos recursos fósseis é enorme, e se recrudesce com a entrada de novos atores no comércio global intensificou o consumo e a disputa pelas reservas.
   O ex presidente dos EUA, George W. Bush declarou que os americanos são “viciados” em petróleo. Portanto a geopolítica dos americanos se pauta na necessidade energética extrema de sua economia. O conflito no Iraque é a prova viva do desespero dos líderes estadunidenses para abastecer constantemente o mercado do país.
   A guerra já consumiu dos cofres públicos cerca de US$ 3 trilhões desde 2003, os objetivos de tranqüilidade na compra e de diminuição nos preços não se concretizaram.
    Países que no passado estiveram longe dos interesses petrolíferos, agora enchem nações produtoras com investimentos, sendo o caso mais notável, os pesados investimentos chineses em países da África.
    A importância energética é tamanha, que políticas estadistas estão ressurgindo pelo poder dos “petrodólares”, Rússia, Irã e Venezuela montam estados que contradizem o poder, até então, estabelecido dos países desenvolvidos.
    O petróleo se apresenta como uma praga para a população dos países mais pobres, pois o dinheiro arrecadado com as exportações abastece regimes corruptos, ditatoriais e violentos ao redor do mundo. Toda essa comercialização é conhecida e possui a conivência de governos e empresas dos países ricos.
    O Brasil configura-se como um ator de situação confortável, pois possui reservas que lhe podem garantir dezenas anos de autossuficiência, além de tornar-se um exportador, esses atributos destinam o país a um crescimento econômico sustentável e transformador.
    Outra boa perspectiva para o país é sua diversificada matriz energética, o país detém uma frota de veículos movidos a biocombustível, e 90% de sua eletricidade é provinda dos recursos hídricos.
    A cada dia a energia se torna ponto decisivo para as políticas internacionais, nota-se um acalorado debate sobre os temas energéticos e as potencialidades geopolíticas oferecidas pelos hidrocarbonetos. A desculpa para ações extremas de determinados países é a segurança de suas populações, mas o que se vê é a segurança de alguns países, em detrimento do desenvolvimento de milhões.                      

Um comentário:

  1. Genial, fiz recentemente um post no meu blog sobre o mundo em 2057 ( referente a um documentário que inclusive é narrado por Michio Kaku ) e toquei na questão energética e nesse artigo pude ver que você explicitou muito bem esse ponto.

    Dá uma olhada no post que fiz:

    http://pontoabc.com/o-mundo-em-2057-como-sera-nosso-mundo-em-2057/


    ou O mundo em 2057 problema energético

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