Desde janeiro do ano passado o mundo ficou assustado com a intensidade dos tremores vindo dos movimentos das placas tectônicas. Os grandes terremotos e maremotos são fenômenos naturais que não dependem da influência do homem, deste modo, os seres humanos pouco podem fazer para prever quando e qual a intensidade que os terremotos irão atuar.
Mas os tremores ocorridos no Haiti (janeiro de 2010), Chile (fevereiro de 2010) e no Japão (março de 2011) demonstram diferenças socioeconômicas significativas, de como os desastres naturais podem afetar a sociedade e como os tremores podem ser mais ou menos letais.
Os abalos sísmicos são provocados pelo movimento e choque das placas tectônicas, as áreas mais suscetíveis são as que estão localizadas sobre os limites das placas, mas outras áreas podem ser afetadas pela acomodação geológica e reflexos de tremores.
A intensidade e a letalidade dos tremores estão relacionadas com a magnitude dos tremores, a estrutura sedimentar, as construções civis e a aglomeração de pessoas. A escala Richter é usada desde 1935 e as medições e conseqüências dos tremores são avaliadas desde o final do século XIX.
O três acidentes indicam como uma catástrofe natural pode explicitar as diferenças e o a distância de desenvolvimento no mundo.
Haiti. A Ilha de Hispaniola está localizada em uma falha geológica na fronteira das placas caribenha e norte-americana, deste modo a região é predisposta a instabilidade tectônica.
Na tarde de 12 de janeiro de 2010 um sismo de 7 graus na escala Richter, com o epicentro a 25 km de Porto Príncipe (2 milhões de hab.) deixou a capital e muitas outras cidades literalmente no chão. Prédios e moradias caíram como papel e as áreas urbanas, já arrasadas pela pobreza, tornaram-se uma área de entulhos.
O governo autorizou que milhares de mortos fossem enterrados em valas comuns, pois a carência de caixões, a falta de pessoas para realizar os sepultamentos e o medo do alastramento de doenças ficou acima do enterro digno.
Equipes de todas as partes do mundo auxiliaram nos resgates, o amparo veio através de recursos financeiros, apoio técnico, medicamentos, alimentos e equipes de resgate. Mesmo com toda a ajuda internacional os mortos chegaram a 230 mil pessoas, praticamente igualando número de mortos que o tsunami de 2004.
Chile. No dia 25 de fevereiro de 2010 a região centro-sul do Chile sofreu um terremoto de 8,8 graus na escala Richter, o tremor deixou 800 mortos, 20 mil desabrigados e um prejuízo econômico de US$ 30 bilhões. O pior tremor registrado no mundo ocorreu no Chile em 1960 que atingiu 9,5 graus na escala Richter causando a morte de 2000 pessoas.
O presidente Sebastian Piñera, empossado poucos dias após o terremoto, herdou, tristemente, o custo dessa enorme catástrofe, a equipe de governo teve que mudar rapidamente o plano de gastos públicos com um corte de US$ 700 milhões, e criar um fundo de US$ 12 bilhões para a reconstrução o país.
Japão. No dia 11 de janeiro o nordeste do Japão foi assolado com um tremor de 9 pontos na escala Richter. Posteriormente, o tremor com epicentro a 130 km da cidade de Sendai, provocou um tsunami que foi devastador para as cidades litorâneas que já haviam sido atingidas pelos tremores. Autoridades japonesas, até o momento, confirmaram 1700 mortos pelos fenômenos. Porém, vilarejos inteiros foram engolidos pela onda gigante e o número de mortos pode alcançar 10 mil vítimas fatais.
A infraestrutura japonesa é muito eficiente para mitigar os problemas causados por terremotos, mas uma infraestrutura para minimizar os impactos de um maremoto (tsunami) é muito cara e demanda complexos recursos de engenharia. Mesmo assim, a melhor estrutura para enfrentar esse tipo de catástrofe está no Japão, se não fosse essa mínima engenharia o desastre seria muito maior. Os japoneses gastam US$ 20 milhões por ano para o sistema de aviso das ondas gigantes.
Os tremores atingiram áreas com usinas nucleares, um dia após os tremores o prédio de contenção que envolve o reator nuclear de Fukushima explodiu em razão da enorme pressão do vapor d’água com baixa radiação. As autoridades japonesas, a Agência Internacional de Energia Atômica e a Organização Mundial da Saúde emitiram notas que o vazamento é baixo e foi controlado.
Mas, como prevenção, medidas foram aplicadas na região do acidente para proteger a população, tais como: deslocamento de 170 mil pessoas, prontidão para a distribuição de pílulas de iodo, resfriamento e paralisação dos reatores e proibição da utilização da água encanada.
A energia nuclear é responsável por 33% da geração de eletricidade no Japão, o país depende desse tipo de energia, pois é carente e depende da importação de recursos energéticos. A energia nuclear foi escolhida devido à alta produtividade e utilização de pequenos espaços para a produção. O governo japonês determinou racionamento de energia e pediu ao povo economia e parcimônia na utilização dos recursos básicos.
Três Mundos
Os três acidentes deixaram estampadas as diferenças socioeconômicas ainda persistentes no mundo. Os sismos foram de grande magnitude, mas o efeito deles em cada população foi de enorme diferença.
O epicentro do terremoto no Haiti foi muito próximo a capital Porto Príncipe, região muito populosa, entretanto as construções e a pobreza potencializaram a catástrofe. O país caribenho é o mais pobre das Américas, analistas afirmam que o país só se reerguerá com substancial auxílio internacional e sua sobrevivência sempre estará atrelada a agências e governos externos.
O Chile apresenta um quadro de desenvolvimento econômico social desde os anos 90. O emergente país andino é o primeiro na lista para entrar no mundo desenvolvido na América Latina. O terremoto ocorrido em fevereiro de 2010 atingiu áreas não tão populosas, como a capital Santiago, mas o tremor foi de grande magnitude e vitimou 800 pessoas. Os chilenos, desde 1984, possuem severas regras de construção civil e preparo para enfrentar os sismos, esse preparo foi amparado pelo crescimento econômico das últimas décadas.
No topo dessa lista de países preparados para enfrentar tremores está o Japão. No território nipônico ocorrem 14% dos tremores no mundo. O arquipélago está localizado no chamado círculo ou anel de fogo do Pacífico, em sua área está o encontro de três placas tectônicas. Em toda sua história o país teve que conviver com terremotos vulcanismo e tsunamis, assim o preparo, prevenção e educação foram direcionados para minimizar os efeitos tectônicos.
O Japão possui a melhor e mais moderna infraestrutura para esses tipos de acidentes, enormes recursos são gastos em prevenção e treinamentos, o tremor ocorrido dia 11 foi de 9 pontos na escala Richter, seguido de tsunami e réplicas de tremores. As mortes, até o momento, passaram de 1700 pessoas, esse número para o padrão japonês é elevado. No histórico das tragédias sísmicas, outros tremores foram mais letais, entretanto o primeiro ministro Naoto Kan pronunciou que os incidentes do dia 11 foram os piores desde a 2ª Guerra Mundial devido a complexidade, áreas atingidas, setores da economia e mortes.
As três catástrofes demonstraram as diferenças socioeconômicas em escala planetária. Nos três países afetados a comunidade internacional se mobilizou para amparar as vítimas. Japão e Chile, certamente, a recuperação será e está sendo mais rápida. Por outro lado no Haiti a recuperação, após um ano, é pouco visível e o país parece estar parado no dia seguinte
ao tremor.
Acabei de ouvir no rádio q já deu oficialmente 2400 mortos!
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